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O delegado Naylor Robert: diante da promessa, vítima age sem pensar | Fernanda Preto/Arquivo Gazeta do Povo
O delegado Naylor Robert: diante da promessa, vítima age sem pensar| Foto: Fernanda Preto/Arquivo Gazeta do Povo

Pessoa deve pedir ajuda e denunciar

O delegado Naylor Robert, da Delegacia de Estelionato e Desvio de Carga de Curitiba, orienta as pessoas que forem informadas sobre prêmios ou indenizações para pedirem para uma segunda pessoa, de confiança, analisar a situação. "Geralmente os alvos são pessoas de idade ou com menor nível de formação. O ideal, antes de fazer qualquer coisa, é pedir auxílio para alguém que possa estudar o caso racional e tecnicamente", orienta.

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      Aposentados de Curitiba vêm sendo surpreendidos com correspondências de empresas de previdência privada informando sobre o direito a receber R$ 67.670, referentes a um pecúlio que teria sido pago durante 12 anos. Bom demais para ser verdade? De fato, é golpe. Para fazer a liberação de um dinheiro que não existe, é pedido primeiro o depósito de uma "taxa" de R$ 1.250.

      As cartas contêm formulários parcialmente preenchidos com dados pessoais dos aposentados, como nome completo, endereço, telefone, data de nascimento e até o número do CPF. Os remetentes são duas empresas que não constam nos registros da Superintendência de Seguros Privados (Susep), do Ministério da Fazenda: Brasil Companhia de Seguros da Previdência Privada (Brasp) e Capitalização e Seguros da Previdência Privada do Brasil (CSPPB), ambas com endereço em Fortaleza (CE). Os nomes que constam como presidente e diretor financeiro das duas empresas são os mesmos.

      Na semana passada, uma aposentada de 75 anos que mora em Curitiba recebeu a carta. "Naturalmente ela ficou toda animada com a notícia e me pediu que eu analisasse", diz o filho, que é administrador de empresas e pediu para não ser identificado. O primeiro aspecto que chamou a atenção foi o fato de a Brasp, empresa que assina a carta, não ter CNPJ. Além disso, o e-mail da empresa era de uma conta no hotmail, serviço de hospedagem gratuita de correio eletrônico. Ao ligar para a empresa, o administrador foi informado que seria preciso primeiro fazer um depósito, para depois receber o valor do pecúlio. "O único esclarecimento que me deram é que se referia a um valor relacionado ao Plano Collor, que existia uma ação na Justiça que determinou o pagamento ", conta.

      Um funcionário público, também de Curitiba, evitou que a mãe caísse no golpe. Ele diz que não denunciou o crime porque teme pela segurança da mãe. "Se estivesse no meu nome, procuraria a polícia, mas não quero envolver minha mãe contra esse tipo de gente."

      Alerta em Blumenau

      Curitiba não é a primeira cidade da Região Sul onde os golpistas tentam enganar aposentados. No início do mês, em Blumenau (SC), ao menos três pessoas caíram no golpe e fizeram o depósito. "Nunca receberam nada de retorno", afirma o advogado Erivaldo Caetano, coordenador da Procuradoria de Defesa do Consumidor (Procon) na cidade. No dia 14, o órgão divulgou um alerta, depois de receber, em um único dia, 15 denúncias.

      No Paraná, até agora não houve reclamações, segundo o Procon. A coordenadora do órgão Ivanira Gavião Pinheiro recomenda que as pessoas não façam nenhum tipo de depósito e nunca forneçam os números de RG e de CPF. "Quando receber esse tipo de carta, rasgue e desconsidere. Também é importante que procurem a polícia e façam um boletim de ocorrência", diz.

      O delegado Naylor Robert, da Delegacia de Estelionato e Desvio de Carga de Curitiba, diz que esse tipo de golpe é recorrente. "Exatamente sobre essas empresas [Brasp e CSPPB], não recebemos nenhuma denúncia ainda, mas crimes como este sempre acontecem", diz. "O estelionatário provoca a vítima com a possibilidade de um ganho fácil, que muitas vezes leva a vítima a desprezar o lado racional e a fazer coisas sem pensar."

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