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A saída do Exército da Maré, prevista para junho, diante da necessidade de uma reocupação do Complexo do Alemão, na Penha, está fazendo com que o governo reavalie a estratégia que será adotada para substituir os soldados por policiais militares no conjunto de favelas. O governador Luiz Fernando Pezão disse na manhã desta segunda-feira, em entrevista à rádio CBN, que passou o feriado reunido com o Secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, e com o comandante geral da PM, coronel Alberto Pinheiro Neto. Pezão criticou a burocracia e afirmou que, mesmo correndo o risco de ser processado, construirá bases definitivas em todas as Unidades de Polícia Pacificadora.

“Passamos a Semana Santa reavaliando e nos próximos dias a gente vai ter isso mais claro. Estamos reavaliando a tomada da Maré, como entrar, com quantos homens. Também queremos fortalecer todas as UPPs. E o Beltrame sabe que é preciso destinar mais policiais para Região Metropolita, principalmente para a Baixada Fluminense. Vamos ter que ampliar o número de policiais e tomar uma série de medidas”, disse o governador.

Família de menino morto do Alemão volta a morar no Piauí

A família do menino Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos, morto com um tiro no conjunto de favelas do Alemão, resolveu voltar a morar no Piauí, por causa da violência do Rio de Janeiro. O corpo de Eduardo chegou em Teresina no início da manhã desta segunda-feira, 6, ficou por cerca de 1h em uma funerária na capital do Piauí e seguiu para Corrente, a 872 Km ao sul de Teresina, onde será sepultado.

“A polícia foi truculenta e sempre agiu de forma truculenta no Alemão. Nunca fomos ameaçados por bandidos, mas sempre pela polícia. São soldados destreinados, saem atirando em quem estiver pela frente, sem perguntar. Tanto tempo na vida vivendo em um lugar perigoso assim, nos conforta chegar em nossa terra”, desabafou José Maria, pai de Eduardo.

A família pretende passar alguns dias em Corrente e só voltará ao Rio para resolver algumas pendências. Terezinha de Jesus Ferreira, mãe do garoto, falou que quer voltar a morar no Piauí. “Vou voltar, porque eu quero justiça e depois eu vou embora. Não quero ficar nesse lugar maldito”, disse Teresina de Jesus afirmando que volta ao Rio para resolver algumas coisas e depois vai embora para o Piauí. Ela disse ainda que seu outro filho, o irmão de Eduardo, sempre pedia que a família voltasse a morar no Piauí.

O velório acontece na residência de uma das tias de Eduardo e o sepultamento estava previsto para as 17 horas no cemitério do município.

Ele informou que a reocupação do Alemão desta vez não terá o apoio das Forças Armadas:

“O Exército tem que ir para as fronteiras para começar o trabalho voltado para as Olimpíada. Até junho, os soldados terão que sair da Maré e não vamos mais poder contar com eles. Num caso excepcional irei pedir para a presidenta Dilma, mas vamos entrar no complexo com os policiais que estamos formando.”

De acordo com o governador, os PMs que atuam no conjunto de favelas da Penha passarão por um novo treinamento, assim como já acontece com policiais que atuam em outras UPPs:

“Começamos pelo Morro São João, na Zona Norte, e vamos fazer também no Alemão. Trata-se de um treinamento de dez, 15 dias, para fazer a reocupação. Enquanto isso, reforçamos a segurança das comunidades com policiais do Bope e do Choque. “

Pezão criticou a burocracia ao justificar as precárias condições de trabalho nas bases de UPPs denunciadas por policiais ao programa “Fantástico” da TV Globo na noite deste domingo.

“Estamos licitando a construção das bases definitivas, mas é uma burocracia muito grande que temo que vencer. É preciso ter título de propriedade, licença ambiental e não pode construir acima da cota cem. Quando há invasões, não combatemos. Das 38 UPPs temos o título de propriedade de quatro. Esses a gente já licitou. Estou falando com a procuradoria que, mesmo respondendo processos, vou construir bases definitivas. O dinheiro já temos, foi doado pela Alerj. Para mim, agora, Segurança Pública é emergência. Se ficar dependendo de título de propriedade e registro de imóveis, vou esperar pro resto da vida. Vamos fazer as bases definitivas. Licitamos agora pra a Maré”, informou Pezão

Apesar dos conflitos recentes em comunidades com UPPs, o governador defendeu a política de polícia pacificadora:

“Não podemos hoje achar que a UPP fraquejou nas 38 comunidades porque houve problemas em algumas. A UPP reduziu a taxa de homicídio para menos de dez. A Divisão de Homicídios não entrava nessas áreas como faz hoje. A gente sabe também que enquanto existir consumidor vai ter a venda de drogas. Não temos a utopia de que vamos acabar com o tráfico. E quando um policial erra nunca deixamos de corta da carne. Ninguém pode questionar o sucesso da política de pacificação.”

Pezão garantiu que não faltará verba para as ações de Segurança Pública.

“Não tenho feito outra coisa do que trabalhar atrás da receita do estado. A gente tem um déficit para 2015 de R$ 13 bilhões. Mas a gente já vislumbra com as negociações nos últimos três meses que vamos reduzir para algo entre R$ 9 bilhões e R$ 9, 5 bilhões. Estou otimista que conseguirei cumprir bem o orçamento de 2015.”

Ele disse que conversou com José Maria, pai do menino Eduardo de Jesus Ferreira, morto na quinta-feira no Complexo do Alemão, e que prometeu ajudar a família.

“Coloquei o estado à disposição. Sei que é uma perda irreparável. Cada bala perdida contra qualquer cidadão, contra um policial, é uma perda grande. A palavra que dou é que o estado vai apurara até o final para vencer a criminalidade. O policial que poderia estar levando a paz está guerreando com marginais”, lamentou Pezão.

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