Bem interessante a pergunta de um leitor, suscitada por esta passagem da minha última coluna (Ele prefere ouvir a falar) : "A língua está, há séculos, indo de encontro a muitas lições dos nossos instrumentos normativos".
Pode-se dizer, pergunta o leitor, que o desacordo entre determinados usos reais da língua e umas tantas lições normativas significa que a gramática vai para um lado e os falantes para outro?
Em primeiro lugar, será muito importante retomarmos um conceito de gramática infelizmente pouco explorado pela escola e quase nada pelos meios de comunicação: "Chama-se gramática um sistema de regras, unidades e estruturas que o falante de uma língua tem programado em sua memória e que lhe permite usar sua língua" (Perini). Levando em consideração tal postulado, não faz sentido dizer que os falantes vão para um lado e a gramática para outro porque é simplesmente impossível separar os dois. Falante e gramática não gravitam em planos distintos. Ela está, digamos assim, na nossa cabeça.
No entanto, quando pensamos em gramática, o mais comum é que nos venha a imagem daquele livro cheio de regras a chamada gramática normativa. E aqui, sim, faz sentido, como questiona o leitor, pensarmos num certo afastamento entre falante e gramática quanto a determinadas orientações. Muita coisa não bate nem na fala, nem na escrita.
Isso não significa, porém, que devemos ignorar os bons instrumentos normativos. Compreender uma realidade maior e bem mais complexa não implica desprezar a importância desses materiais, sobretudo se nosso objetivo é melhorar o desempenho na língua escrita.
Coisas básicas e fundamentais para quem escreve (uso de maiúscula, pontuação, regência, concordância, colocação de pronomes, crase etc.) estão bem disciplinadas em boas gramáticas normativas, em bons manuais de redação.
E isso é bom.
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