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Águas Profundas

Grampos mostram como atuava rede fantasma

Conversa telefônica foi monitorada pela Polícia Federal

Respostas comentadas do simuladinho de Matemática |
Respostas comentadas do simuladinho de Matemática (Foto: )

Rio de Janeiro – Uma conversa telefônica grampeada pela Polícia Federal com autorização da Justiça trouxe, de acordo com o Ministério Público Federal, indícios de como acontecia a formação das empresas fantasmas que faziam parte da rede que movimentava os recursos desviados no esquema de fraude a licitações da Petrobrás. O esquema foi descoberto pela Polícia Federal na Operação Águas Profundas.

Em 8 de dezembro de 2006, Rodolfo Barbosa Brandão da Costa, um dos acusados pela PF e pelo Ministério Público Federal, telefonou para Wladimir Pereira Gomes para falar sobre uma alteração contratual da Angraporto. Gomes informou que uma empresa de Carlos Feitosa, funcionário da estatal brasileira, seria aberta em nome da mulher dele, nos mesmos moldes da companhia Ventos Consultoria Portuária, de propriedade de seu interlocutor.

"A empresa são duas meninas, mãe e filha", informou Gomes. Costa perguntou se deveria colocar como sede Saquarema ou Rio Bonito – nessas cidades, ambas no Rio de Janeiro, paga-se menos imposto. Depois, informou que usaria Saquarema como endereço.

Com expedientes como esse, segundo a apuração, os controladores da Angraporto podiam participar de licitações, emitir notas e operar contas bancárias, como ficou claro em outro diálogo grampeado pelos investigadores, em 3 de maio de 2005, entre Ruy Castanheira de Souza e Hilário Mattos – empregado da Angraporto que também teve prisão preventiva decretada e foi denunciado à Justiça.

Mattos: "Eu tenho que falar com o Simon (Clayton), ele tava em São Paulo ontem, hoje ele tá em Belo Horizonte, o que ele vai fazer dos 30 paus dele, se ele vai pegar 10 paus em pro labore, igual o Wladimir fez."

Castanheira: "Não, não vai nada. É tudo nota."

Mattos: "Tudo dele é nota?"

Castanheira: "É nota. Então, tem que ver o que saiu por fora e me passar amanhã para eu cobrir isso amanhã de uma vez, tá?"

"Saiu 10 mil do Vladimir de pro labore que ele pediu, tá?", informou Mattos.

Castanheira: "Só?"

Mattos: "Só."

Castanheira continua: "Ué, o dele não é 30?"

Mattos responde: "Não, mas ele pediu pra fazer 10 mil em pro labore e 20 mil por fora."

Castanheira: "20 mil por fora. E mais 15 pro Simon?"

Mattos: "Isso aí!"

Castanheira pergunta sobre Fernando Stérea e Mauro Zamprogno, outros suspeitos: "Fernando, você fez a nota?"

Mattos: "Fernando é nota, e Mauro é nota."

Castanheira: "Só isso?"

Mattos: "Só isso, por enquanto."

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