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Aeroportos

Greve aérea: 80% do efetivo deve trabalhar

Liminar do Tribunal Superior do Trabalho visa garantir que os terminais do país operem apesar da paralisação dos trabalhadores marcada para hoje

Aeroviários deitaram no saguão do Aeroporto Santos Dumont, no Rio, durante protesto na manhã de ontem | Fábio Motta / AE
Aeroviários deitaram no saguão do Aeroporto Santos Dumont, no Rio, durante protesto na manhã de ontem (Foto: Fábio Motta / AE)
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Confira quantos voos atrasaram até as 19h de ontem

O presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), mi­nistro Milton de Moura Fran­ça, concedeu liminar ontem, por volta das 20h30, determinando que 80% do efetivo das companhias aéreas em todo o país sejam mantidos a fim de não prejudicar os passageiros às vésperas do Natal. A decisão atende ação movida procurador-geral do Trabalho, Otávio Brito Lopes.

Segundo a determinação, os Sindicatos dos Aeroviários (funcionários em terra) e dos Aeronautas (pilotos, copilotos e comissários de bordo) ficam sujeitos à multa diária de R$ 100 mil caso descumpram a decisão. A paralisação da categoria, aprovada em assembleia, está marcada para começar a partir das 6 horas desta quinta-feira.

Na decisão, o ministro ressalta que o direito de greve é garantido pela Constituição, mas afirma que também "decorre de preceito constitucional que todos os cidadãos têm o direito de livre locomoção em todo o território nacional, por todos os meios de transportes disponíveis". França também afirma que o trabalho dos funcionários é atividade considerada essencial, daí o dever de assegurar o pleno atendimento da comunidade, ainda mais devido ao movimento ter sido deflagrado a dois dias do Natal.

Postura intransigente

Em carta endereçada às companhias aéreas, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou que o fracasso das negociações com os aeronautas e os aeroviários se deve, principalmente, à "postura dos representantes do sindicato patronal" e que, se fosse outra a postura tomada, "poderíamos, a essa altura, assegurar aos brasileiros a tranquilidade em relação a suas viagens".

Antes de enviar a carta, Jobim ouviu dos representantes das empresas que seria aberta uma mesa de negociações no TST para dar uma solução à greve anunciada para hoje. Não apenas a promessa foi descumprida, como as empresas retornaram ao ministro pedindo "medidas necessárias" do governo para a "manutenção da ordem".

Jobim, que esteve pessoalmente com o presidente da TAM, Lí­­bano Barroso, e falou por telefone com o presidente da Gol, Cons­tantino de Oliveira Júnior, não gostou nada da reação e jogou a culpa da greve para os empresários.

Apesar das conversas, o ministério não tem nenhum plano emergencial para evitar mais transtornos aos passageiros devido à ameaça de greve. Vai apenas intensificar o plano anunciado em novembro para as férias, que inclui proibição de venda de passagens em maior número que o de assentos, usar aeronaves reservas e ampliar os postos de check-in nos horários de pico.

Antes da decisão judicial, o governo havia montado um plano de emergência para tentar esvaziar a greve. Para garantir o direito de quem quiser trabalhar, o Comando da Aeronáutica vai abrir as suas bases aéreas para a entrada dos funcionários de terra e de ar que forem impedidos de ingressar nos aeroportos pelos piqueteiros de plantão. A Polícia da Aeronáu­tica também estará de prontidão em todo o país para impedir qualquer tipo de invasão de pista dos manifestantes e a determinação é agir com rigor para evitar problemas de segurança às aeronaves.

Negociação

A última reunião para negociar o reajuste salarial da categoria, na terça-feira, terminou sem acordo, mais uma vez. O presidente da Federação Nacional dos Trabalha­dores em Transportes Aéreos, Uébio Silva, afirma que, desde setembro, os sindicatos tentam negociar com as companhias aéreas, mas não foram atendidos. Ele critica o fato de as empresas não estarem dispostas a reajustar o salários dos profissionais mesmo vivendo um bom momento econômico. Os aeronautas exigem um reajuste de 15% e os aeroviários, de 13%, mas as companhias oferecem apenas 6,58%.

A presidente do Sindicato dos Aeroviários, Selma Balbino, diz que não é possível saber como será a adesão da categoria à greve, já que cada profissional tem autonomia para decidir sobre sua participação. "Vamos fazer avaliações a cada hora para verificar o movimento."

Selma lembra que o caos aéreo vem ocorrendo há anos e o passageiro sofre com o overbooking e a falta de estrutura. "Estamos so­frendo juntos. As empresas querem levar seus lucros para a privatização dos aeroportos às custas do sacrifício dos funcionários." A baixa remuneração e a precarização no trabalho, com a existência de horas-extras acima do permitido e jornadas duplas, estão fazendo com que os profissionais do setor busquem outras oportunidades. "Trabalhar com aviação se transformou em um bico", diz.

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