Policiais militares e bombeiros do Ceará ignoraram a determinação da Justiça de voltar ao trabalho e cumpriram ontem o quinto dia de greve geral que deixou Fortaleza, em plena alta temporada turística, com ares de cidade fantasma.
O medo tomou a capital cearense, apesar do reforço no policiamento feito por homens da Força Nacional de Segurança e do Exército. Lojas em ruas de áreas nobre e do centro, incluindo o turístico Mercado Central, fecharam as portas. Creches, repartições públicas municipais, postos de saúde, o Tribunal de Justiça e o fórum da capital encerraram o expediente mais cedo.
Algumas agências da Caixa Econômica Federal não abriram. Outras encurtaram em duas horas o horário de trabalho. Os Correios interromperam o serviço de entrega e os agentes de trânsito de Fortaleza, da autarquia AMC, ameaçavam na segunda-feira parar por falta de segurança.
A reação em cadeia foi provocada pelo temor de arrastões e assaltos que começaram a se alastrar pelo boca a boca e pelas redes sociais na noite de segunda-feira.
Por volta do meio-dia de ontem as principais artérias e zonas comerciais da capital cearense estavam praticamente paralisadas.
O Mercado Central, o principal centro de compras voltados para o turismo na capital de 2,5 milhões de habitantes, fechou, mas, segundo os próprios comerciantes, não houve registro de assaltos.
Jornais e rádios locais confirmavam o assalto de ao menos um supermercado no bairro de classe média do Montese, na noite de segunda, e de tentativas de assalto em zonas nobres da cidade, como Aldeota e Seis Bocas.
Turismo e pânico
O clima de tensão também afetou a Praia do Futuro, a principal da cidade, cheia na terça ensolarada de férias.
Pouco antes do meio-dia, garçons orientavam os clientes a encerrar contas e reproduziam rumores de arrastão.
Nos hotéis, a orientação aos turistas era sair pouco e não levar objetos de valor.
Nas redes sociais, as mensagens misturavam pânico, revolta e chacota para falar do dia atípico em Fortaleza.



