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PARALISAÇÃO

Greve dos residentes tem baixa adesão em Curitiba

Manifestação atraiu apenas 25 pessoas no Centro da capital. Em Londrina, cerca de 100 médicos pararam as atividades no Hospital Universitário

Com a Santa Caso ao fundo, um pequeno grupo de médicos-residentes se reuniu ontem na Praça Rui Barbosa, em Curitiba, para protestar | Priscila Forone/Gazeta do Povo
Com a Santa Caso ao fundo, um pequeno grupo de médicos-residentes se reuniu ontem na Praça Rui Barbosa, em Curitiba, para protestar (Foto: Priscila Forone/Gazeta do Povo)

O primeiro dia de greve dos mé­­dicos-residentes no Paraná, ontem, começou de forma tímida em Curitiba. Uma pequena manifestação marcou o início da paralisação na capital. Já em Londrina, no Norte do estado, a adesão de 63% dos 158 residentes do Hos­pital Universitário (HU) ao movimento nacional despertou preocupação na direção da instituição, já que pode haver atraso de cirurgias eletivas caso a interrupção dos trabalhos continue por muito tempo.Um grupo de 25 manifestantes se reuniu na manhã de ontem, na Praça Rui Barbosa, Centro de Curitiba, para pedir o reajuste de 38,7% no valor da bolsa-auxílio dos médicos-residentes. Entre os participantes estavam profissionais dos hospitais Nossa Senhora da Luz e Santa Casa de Miseri­córdia, que, juntas, têm 90 residentes. Apesar de alguns bolsistas terem aderido à greve, o atendimento nesses hospitais não foi prejudicado.

A expectativa da Associação dos Médicos-Residentes do Paraná (Amerepar) é de que pelo menos metade dos cerca de 700 residentes de Curitiba adiram à greve na próxima semana. Os 151 profissionais do Hospital Evan­gélico não interromperam as atividades ontem. O mesmo aconteceu no Hospital de Clínicas (com 276 residentes) e no Cajuru (111 profissionais). No HC, haverá uma reunião, na segunda-feira, entre bolsistas e diretoria para tentar solucionar o impasse. E no Cajuru ainda não há indicativo de paralisação. No Pequeno Prín­cipe, 20 dos 45 residentes apresentaram uma carta informando a greve a partir do dia 25.

A presidente da Amerepar, Maria Cecília Beltrame Carneiro, afirma que a baixa adesão ao mo­­vimento está relacionada a represálias. Segundo ela, em alguns hospitais os professores orientadores estariam cerceando os bolsistas com possíveis más-avaliações de desempenho e dificuldade no ingresso em novas residências. "Pedimos que quem estiver sofrendo este tipo de ameaça entre em contato, porque o Código de Ética Médica proíbe essa conduta. Se comprovados, levaremos os casos ao Conselho Regional de Medicina", diz. Na próxima semana, os grevistas prometem manifestações em frente ao Evangélico e ao HC.

Preocupação

O atendimento no HU de Lon­drina foi considerado tranquilo ontem, dia em que 100 dos 152 médicos-residentes da instituição cruzaram os braços em adesão à greve nacional. A preocupação da direção do hospital, se o movimento perdurar, é com o atraso das cirurgias eletivas, aquelas em que não há urgência em serem realizadas. Os residentes já avisaram que o protesto é por tempo indeterminado. "Se durar muito tempo, pode ter repercussão nas cirurgias agendadas. Quanto mais durar a greve, mais demorarão a ocorrer", afirma a diretora clínica do HU Denise Akemi Mashima. Durante a paralisação, os médicos residentes farão revezamento entre quem aderiu à greve e quem permaneceu no atendimento.

Além do reajuste da bolsa-auxílio, que passaria de R$ 1.916 para cerca de R$ 2,7 mil, os manifestantes também reivindicam auxílio-moradia e alimentar, reajuste anual, ampliação da licença-maternidade de quatro para seis meses, supervisão constante dos professores e respeito às 60 horas de trabalho semanais.

Outro lado

O diretor clínico do Hospital Pe­­que­­no Príncipe, Donizetti Giam­berardino Filho, afirma que o reajuste dos residentes vai pesar nas contas dos hospitais. Isso porque o Ministério da Educação e o Minis­tério da Saúde repassam apenas o valor integral das bolsas aos hospitais federais. Em Curi­tiba, isso só acontece com o HC. Para instituições filantrópicas, como o Peque­no Príncipe, o reajuste de 40% será uma demanda alta. Hoje a instituição gasta cerca de R$ 100 mil mensais com as bolsas e poderá gastar R$ 140 mil. "Entendemos que a reivindicação é legítima, mas para os filantrópicos é difícil custear tudo com a verba do Sistema Único de Saúde".

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