Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Paralisação

Greve prejudica atendimento e pacientes do HC

Pronto-socorro está fechado e 75% das cirurgias não são realizadas. Situação pode se agravar com adesão de médicos residentes ao movimento

Depois de quatro meses de espera, Fátima Lopes teve cirurgia desmarcada | Themys Cabral/ Gazeta do Povo
Depois de quatro meses de espera, Fátima Lopes teve cirurgia desmarcada (Foto: Themys Cabral/ Gazeta do Povo)

O atendimento no Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) está prejudicado por causa da greve dos servidores, que completa hoje uma semana. Com o pronto-atendimento fechado, novos pacientes só são atendidos após avaliação de cada caso. O setor de emergência atua com apenas 30% dos servidores. Das 11 salas de cirurgia, apenas duas estão em funcionamento, segundo o hospital. Cerca de dez cirurgias são realizadas por dia, contra uma média de 40 em dias normais. As cirurgias eletivas – não emergenciais – têm sido desmarcadas. E a situação pode se agravar ainda mais com a adesão de médicos residentes à mobilização.A artesã Fátima Lopes, 53 anos, estava com uma cirurgia na vesícula marcada. Depois de quatro meses sofrendo com dores, achou que seu calvário chegaria ao fim ontem. "Dis­seram-me que meu caso não é de emergência e que, com a greve, tem que estar vazando a bílis para operar. Ou seja, tem que estar quase morrendo."

A filha de Fátima, a analista comercial Angélica Lopes, diz que o hospital tentou enviar sua mãe de volta ao Centro Médico de Urgência, mas elas relutaram. "Só saio daqui depois que minha mãe operar", afirma. "Greve é um direito constitucional, mas impedir acesso à saúde é crime", reclama.

De acordo com o chefe do plantão do pronto-atendimento do HC, Eduardo Lourenço, estão sendo feitos exames complementares em Fátima para verificar se o caso dela é de urgência ou emergência. Segundo o médico, porém, não é necessário estourar a vesícula para que a cirurgia seja considerada de emergência. "Os exames vão mostrar se há infecção e se ela pode ser tratada clinicamente ou se tem de fazer uma cirurgia de emergência."

Mobilização

"Nós entendemos o sentido da greve, mas atrapalha bastante o trabalho da gente. A emergência não deveria ser afetada", diz Lourenço. Ele ainda ressalta: "Não vai morrer doente aqui por causa da greve. Quem não atender emergência vai responder criminalmente. Esse é um compromisso ético-profissional."

Os servidores pedem um au­­mento do piso salarial – de R$ 1.034 para R$ 1.635 –, a criação de um plano de cargos e sa­­lários, o aumento de benefícios e a reabertura de 130 leitos no HC, que teriam sido fechados por falta de pessoal. Cerca de 3,4 mil técnicos administrativos são servidores da UFPR, sendo 1,9 mil lotados no HC. A adesão no HC gira entre 40 e 60 técnicos apenas, segundo o hospital, e estaria concentrada no setor cirúrgico.

Em assembleia ontem, os grevistas definiram um calendário de atividades de mobilização. A próxima assembleia está marcada para o dia 28. Em todo o país, servidores técnico-administrativos de 47 universidades federais já aderiram à greve.

Médicos residentes

Os médicos não estão em greve, mas parte deles pode entrar. É que os residentes ameaçam aderir ao movimento. Segundo Lou­­renço, os residentes decidiram em assembleia fazer um dia de paralisação, no dia 29. Há ainda indicativo de greve a partir do dia 1.º. Os residentes tentam pres­­­­sionar a votação no Con­gresso da medida provisória (MP) que aumenta a bolsa deles de R$ 1,6 mil para R$ 2,1 mil. Sem a votação, a MP, hoje em vigor, deve cair. "A tendência é a situação [do atendimento] piorar", diz Lourenço.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.