
A gripe suína está dando um nó na cabeça dos pais. Enquanto o número de escolas que resolveram fechar as portas temporariamente só em Curitiba já passa de 20, atingindo aproximadamente 31 mil alunos da rede particular, outras permanecem abertas e com aulas normais. Ao mesmo tempo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) se posicionou favoravelmente à suspensão das aulas como medida cautelar em locais em que a gripe A (H1N1) não esteja instalada. Já o Ministério da Saúde jogou a responsabilidade da decisão para cada localidade no país. E a Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) disse não ser necessária a medida no Paraná, pelo menos por enquanto.
A quem seguir?
No fim das contas, a decisão final acaba recaindo sobre os pais, que, sufocados por informações por vezes conflitantes, não sabem para que lado pender. Nos casos em que as escolas resolveram pelo adiamento do reinício não há opções: basta procurar uma alternativa para as férias estendidas dos filhos. Pedro, 10 anos, e Júlia Cazetta da Cruz, 16 anos, por exemplo, estão passando a semana com a avó Seny Lúcia Cozetta, 70 anos.
Já os pais que mantêm os filhos em escolas que decidiram retomar as aulas normalmente não sabem como agir. O número de famílias que decidiram esticar as férias dos filhos por conta própria não é pequeno. Há outras que resolveram mandar os filhos para a escola, mas não estão nem um pouco confortáveis com essa situação.
Em um levantamento informal feito pela Gazeta do Povo, de 10 famílias entrevistadas apenas uma diz estar totalmente segura sobre a decisão. As outras dizem não ter opção ou não querer que os filhos percam aulas. "Não estou nada segura, mas é preciso (mandá-los), porque tenho que trabalhar", diz a bancária Gabriela de Oliveira, 37 anos, mãe de Sofia, de 3.
A Sociedade Paranaense de Pediatria (SPP) chegou, no início desta semana, a recomendar à Secretaria da Saúde que orientasse a suspensão das aulas no estado por duas semanas. A sugestão não foi acatada. Já a médica coordenadora do serviço de controle de infecção do Hospital Pequeno Príncipe, Heloísa Ihle Giamberardino, é adepta do adágio popular "é melhor prevenir do que remediar". "Este é um ano atípico. É uma pandemia. A suspensão por quatro semanas, período em que o clima tende a ser mais frio, seria o ideal", opina.
De acordo com ela, as condições climáticas atuais são propícias para a transmissão do vírus. Junta-se a isso o fato de as crianças (principalmente até 5 anos) terem menos noção de higiene e o hábito de ficar mais próximas aos colegas, beijá-los e abracá-los.
O pediatra, homeopata e acupunturista Cícero Alaor Kluppel faz coro com Heloísa. "Mesmo que os dados epidemiológicos não justifiquem a suspensão, a medida poderia ajudar a diminuir a transmissão, principalmente neste período de mais frio", opina.
A suspensão das aulas seria uma medida inócua, porém, advertem os médicos, se as crianças continuarem a frequentar locais com aglomerações.
Um estudo britânico publicado recentemente na revista Lancet Infectious Diseases, e divulgado pela agência Reuters, mostra que o fechamento de escolas não controla a disseminação de uma pandemia. A equipe do pesquisador Neil Fergusson, do Imperial College, de Londres, estudou as pandemias de gripe do século passado e verificou que as contaminações diminuíam durante o recesso, mas voltavam a subir quando as crianças retomavam as aulas. Nos Estados Unidos, quando 700 escolas foram fechadas no auge da nova gripe, mais de 1 milhão de americanos foram contaminados.
Interior
Em outras cidades do estado, escolas também decidiram suspender as aulas. Em Ponta Grossa, cinco grandes colégios particulares interromperam as atividades. As aulas continuam normalmente na rede pública. Já a secretaria de Educação de Matinhos prorrogou as férias escolares até segunda-feira.
A direção da Unioeste em Foz do Iguaçu determinou a suspensão das aulas do curso de Enfermagem por 10 dias. "Seis professores da pasta trabalham nos hospitais e unidades de saúde do município. Vários alunos também fazem estágio nesses mesmos ambientes onde as chances de contágio são maiores", disse a diretora Renata Camacho Bezerra.



