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Para o sociólogo Julio Jacobo Waselfisz, responsável pelo Mapa da Violência, elaborado pela Rede de Informações Tecnológicas Latino-Americana (Ritla), os últimos acontecimentos no Paraná envolvendo chacinas, em que os suspeitos estão ligados ao tráfico de drogas, é a conseqüência de uma sociedade corroída moralmente e sem políticas públicas eficientes. Na opinião dele, os jovens têm estado cada vez mais envolvidos em mortes violentas pela facilidade de aliciamento. Segundo o especialista, a juventude é o receptador mais vunerável da sociedade. "O jovem, quando quer testar seus limites, entra em áreas que não de-veria entrar", comenta. Para evitar o contrabando e o tráfico, é preciso ter atuação policial nos locais já identificados. "Em áreas de fronteira, ocorre uma guerra territorial, com morte indiscriminada", diz.

O que o tráfico causa na sociedade?

O tráfico de drogas está associado ao crime, à ilegalidade e à indústria do crime. Em determinado momento, o objetivo é ter uma ocupação territorial. O poder público não tem praticamente ação sobre a região, o que gera um problema interno, como a queima de arquivo. É uma ação e reação.

É possível notar o aumento da morte de jovens envolvidos em mortes violentas, na grande maioria ligados ao tráfico de drogas. Qual o motivo?

O jovem se envolve porque a sociedade mostra, através da mídia, um apelo de que o sucesso advém do bem material que se tem. A quantidade de homicídios ligados ao tráfico tem aumentado muito nos últimos tempos. O perfil desses jovens é de pessoas sem muito estudo, de classe baixa, sem muitas opções de trabalho.

Por que acontecem chacinas e extermínio de inocentes?

É um enfrentamento que só se vê em guerra, em conflitos armados. É extraordinário. No país temos de 25 a 27 homicídios por 100 mil habitantes. No Brasil, a grande parte da mortalidade letal está ligada ao tráfico de drogas. O crime praticado pelo narcotráfico levou o Brasil a ocupar o primeiro lugar no ranking da violência – elemento explosivo.

Haveria alguma ação prática para melhorar a segurança?

Sim, há condições de se enfrentar a violência através de políticas públicas atuantes. Um exemplo disso é a redução dos índices em São Paulo, através de políticas municipais, implantação da lei seca, escolas abertas nos finais de semana para tirar o jovem da rua, melhoria da estrutura policial, redução da corrupção policial. A motivação da sociedade civil é fundamental na busca de uma solução. Infelizmente, se faz muito pouco nesse sentido. Prevalece o domínio territorial.

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