Curitiba Há 52 anos, por volta das 8h30, o então presidente Getúlio Vargas cumpria a advertência feita a seus inimigos: "Se me quiserem depor, só encontrarão o meu cadáver." Com um tiro no coração, no dia 24 de agosto de 1954, Vargas punha fim à própria vida e ao período de crise pela qual atravessava seu governo.
Ao lado do corpo do presidente havia uma carta-testamento dirigida ao povo brasileiro, batida à máquina e assinada por ele. O desfecho da carta é, até hoje, uma das frases mais emblemáticas da história brasileira, e foi utilizada como manchete na edição extra da Gazeta do Povo que chegou às ruas naquela terça-feira: "Saio da vida para entrar na história".
As quatro páginas traziam detalhes sobre a comoção causada pela morte do presidente no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, estado natal de Vargas, e sobre o conturbado período na política nacional. Havia também informações sobre a posse do então vice-presidente, Café Filho, que afirmava que organizaria um governo de coalizão, e que não tomaria nenhuma decisão antes de ouvir os chefes das diversas correntes partidárias brasileiras. "Toda minha preocupação no caso de assumir a presidência será de pacificações dos ânimos em todo o país", foram as palavras de Café Filho lidas nas páginas da Gazeta.
A edição histórica é guardada com cuidado até hoje por alguns leitores. O exemplar reproduzido na foto foi comprado por Nicolau Chupil, getulista convicto, que antes de falecer incumbiu os filhos de guardarem com cuidado a publicação. O filho de seu Nicolau, Pedro Chupil, trata as amareladas páginas do exemplar como relíquia. "Vou passar para o meu filho", diz.
A capa do dia 24 de agosto de 1954 estará no livro que a Gazeta do Povo prepara com as melhores e mais importantes edições da história do jornal.
