• Carregando...

Ambulatório - Dívida impede realização de exames

A crise no Hospital de Clínicas não afeta apenas as cirurgias. Os ambulatórios de endocrinologia, por exemplo, estão há pelo menos dois meses sem fazer exames de dosagem hormonal. Desde setembro, apenas as coletas imprescindíveis para decisões médicas são realizadas. "Estamos fazendo as consultas, mas os exames que informam como o paciente está respondendo ao tratamento não estão sendo feitos", conta o chefe do serviço de endocrinologia, César Boguszewski.

Segundo o médico, os pacientes são orientados a retornar para consultas em três ou quatro meses. O serviço de endocrinologia conta com 19 ambulatórios. Cada um atende entre 20 e 30 pacientes por dia. São 2 mil consultas por mês e a maioria delas requer algum tipo de exame. "Não estamos internando mais ninguém. É angustiante ver um hospital que deveria ser referência sem conseguir fazer exames básicos e devolvendo pacientes para postos de saúde", conta o médico.

Segundo o diretor do hospital, Giovani Loddo, o problema nos exames ocorreu por causa de uma dívida que o hospital tem com o laboratório que faz as análises. "Por atraso no repasse de recursos ficamos com uma dívida pendente do ano passado que agora se tornou um problema legal, porque não podemos pagar com o orçamento deste ano", explica. Segundo o diretor, as amostras colhidas estão sendo armazenadas ou, nos casos emergenciais, levadas a outro hospital para análise. (CV)

Pelo menos 250 cirurgias deixaram de ser feitas no Hospital de Clínicas desde o último dia 19, quando, por falta de materiais, o HC suspendeu todos os procedimentos eletivos (não urgentes). Na segunda-feira pela manhã foram feitas apenas três operações. Durante o fim de semana, quatro pacientes foram operados e na sexta-feira foram feitos outros sete procedimentos. Em dias normais, o hospital realiza 35 cirurgias diariamente. O pequeno estoque de medicamentos pode fazer com que o hospital suspenda até mesmo as cirurgias de emergência.

Além da falta de analgésicos, que devem durar somente até quinta-feira, o hospital tem agora apenas um pequeno estoque de medicamentos utilizados no pós-operatório, o que coloca as cirurgias emergenciais também em risco. "Não podemos pensar apenas no ato cirúrgico, só podemos operar os pacientes se tivermos condições de atendê-los depois", diz o diretor do HC, Giovani Loddo. Segundo ele, para a compra desses medicamentos, o hospital precisa de R$ 10 mil. "Corremos o risco de suspender também as urgências e fazer somente os casos de emergência na próxima semana", alerta.

Com a crise, alguns pacientes que tinham cirurgias agendadas chegaram a ir até o hospital, mas tiveram de voltar para casa. Foi o que ocorreu com Guilherme Faria, de 15 anos, que sofre de epilepsia e tinha uma cirurgia marcada para 18 de outubro. Segundo a mãe do garoto, Elizete Faria, a notícia do cancelamento só foi dada no hospital. "Chegamos para o internamento e a médica falou que não poderíamos ficar porque não havia material cirúrgico", conta. O procedimento que deixaria o garoto livre das crises epiléticas, que, segundo a mãe, têm sido quase diárias, estava agendado há mais de um mês. "Ficamos frustrados porque já estávamos preparados", lamenta.

Outras centenas de pacientes que seriam os próximos a serem chamados sequer foram contactados. Isso porque não há previsão de normalização dos atendimentos. Segundo o diretor, todas as cirurgias serão remarcadas.

O motivo da crise

Ao contrário das outras vezes, em que a crise no hospital tinha origem financeira, dessa vez o problema é orçamentário. O hospital possui R$ 1,1 milhão em caixa provenientes do governo do estado e de recursos próprios. No entanto, não pode usar este dinheiro enquanto não houver a ordem de liberação de orçamento. "A liberação depende de autorização do Ministério do Planejamento, que precisa enquadrar esse dinheiro no orçamento", explica.

A direção do hospital vem tentando a autorização há três semanas, mas a invasão dos estudantes na Reitoria da UFPR também está dificultando o processo, uma vez que o pedido precisa ser feito pela procuradoria. "Conversei com o reitor na sexta-feira e pedi uma interferência direta junto ao Ministério da Educação. A expectativa é que em 48 horas tenhamos alguma resposta, mas isso ainda não significará a normalização das atividades, porque uma vez com o dinheiro liberado ainda temos que empenhar os materiais e até que eles sejam entregues leva pelo menos mais uns quatro ou cindo dias", afirma.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]