Rio de Janeiro - O casamento entre mulheres mais velhas e homens mais jovens está se tornando popular. A pesquisa Estatísticas do Registro Civil 2009, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que os casamentos entre solteiros com esse perfil já representam 23% do total ou 173,7 mil uniões. Em 1999, essas uniões correspondiam a 19,3%. O estudo mostra ainda que o número de casamentos realizados no país recuou pela primeira vez após seis anos de expansão.
Segundo Claudio Crespo, coordenador da pesquisa do IBGE, os dados sobre a diferença de idade refletem o aumento da presença da mulher no mercado de trabalho e do nível de escolaridade. Na prática, o resultado disso é o adiamento dos planos de maternidade e casamento. "A sociedade está mudando a forma de ver o casamento e há uma quebra dos tabus que eram comuns antigamente, disse Crespo.
No ano passado, a maior proporção desse perfil de casamento ocorreu com mulheres na faixa dos 25 aos 29 anos (33,9%). Elas casaram, em média, com homens de 24 anos. Já as solteiras de 45 a 49 anos que optaram por homens mais jovens casaram com maridos na faixa dos 39 anos.
"São mulheres mais bem colocadas no mercado de trabalho, que têm dificuldade de encontrar parceiros na mesma idade e que têm segurança para escolher. Não é uma revolução. A maioria delas ainda não reproduz o padrão masculino de casar com uma mulher 15 anos mais jovem, afirma a antropóloga Miriam Goldenberg.
Passadas as dificuldades iniciais de qualquer relacionamento, a diferença de idade é um detalhe para mulheres que casaram com homens mais novos. No caso da engenheira civil Maria Luiza Cubas Zaions Andreassa, de 32 anos, casada com um homem cinco anos e meio mais jovem, a diferença hoje passa despercebida, diz ela.
Só que nem sempre foi assim. Quando Maria Luiza conheceu Gilberto Andreassa Júnior, ela estava empregada e fazia prós-graduação e ele nem tinha começado a faculdade. Namoraram por cinco anos e resolveram casar. "Desde os 19 anos ele estava comigo e nós fomos crescendo juntos", diz ela, que tem uma filha de 9 meses.
A artesã Roseli Vaz, 34 anos, que mora com o técnico em alarmes Fábio Augusto Domingues, 24 anos, afirma que preconceito em relação a qualquer coisa vai sempre existir. "Vai da maneira como cada um lida com isso." Roseli está no seu segundo casamento e tem uma filha de 9 anos, mas diz que se sente como se tivesse 18 anos. Ela e o companheiro pretendem oficializar a união em breve e ter mais filhos.
A pesquisa do IBGE não investigou a proporção de segundos ou terceiros casamentos de mulheres mais velhas com homens mais jovens, mas existem indícios de que essa fatia também está em alta. A proporção de divorciadas que casaram com solteiros passou de 2,2% em 1999 para 5,3% no ano passado.
Nos Estados Unidos e na Europa, o movimento ganhou força e as mulheres independentes e interessadas em homens mais jovens foram apelidadas de "cougars (na tradução literal, pumas). No Reino Unido, uma grande rede varejista atribuiu ao fenômeno o aumento das vendas de lingerie para mulheres na faixa dos 40 anos.
QuedaEm números absolutos, o país teve 935.116 casamentos registrados de pessoas com 15 anos ou mais. Segundo o IBGE, a variação mostra uma tendência de estabilidade ou leve oscilação negativa na comparação com 2008.
A análise dos dados nas últimas décadas mostra que, mesmo com o crescimento das uniões registradas nos últimos anos, o país ainda não voltou ao patamar de casamentos da década de 1970. A comparação é dada pela taxa de nupcialidade, que consiste no número de casamentos a cada mil habitantes de 15 anos ou mais. Em 1974, a taxa era de 13 casamentos por mil habitantes. Em 2009, o patamar era de 6,5 casamentos por mil habitantes. No ano anterior, de 6,7 casamentos por mil habitantes. De modo geral, as mulheres casam pela primeira vez aos 26 anos e os homens, aos 29.
As alterações na legislação sobre separações e divórcios contribuíram para aumentar o número de "recasamentos. Em 1999, eles representavam 10,6% do total. No ano passado, chegaram a 17,6%. E a perspectiva é que em 2010 aumentem ainda mais com a instituição do divórcio direto e sem prazo. No ano passado, a taxa de divórcios teve leve queda para 1,4/mil habitantes. A taxa de separações ficou estável em 0,8/mil habitantes.




