
Até 2022, o mundo deverá ter 1 bilhão de pessoas com mais de 60 anos. A projeção é do Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa, na sigla em inglês), que divulgou seu "Estudo Sobre o Envelhecimento no Século 21", ontem, Dia Internacional do Idoso. O levantamento também destaca que a proporção de idosos em relação à população mundial está crescendo mais do que qualquer outra faixa etária, principalmente nos países em desenvolvimento.
A população mundial de idosos, que era de 205 milhões em 1950, chegou neste ano a 810 milhões. De acordo com a projeção da Unfpa, em 2050 deve haver no mundo 2 bilhões de idosos, o que corresponderá a 20% da população atualmente, a proporção é de 11,5% de idosos. O envelhecimento da população é tratado como "um triunfo do desenvolvimento", pois está relacionado a melhorias na nutrição, nas condições sanitárias, na medicina, nos cuidados com a saúde, no ensino e no bem-estar econômico.
A evolução demográfica, no entanto, também traz novas preocupações. O estudo cita como especialmente problemáticas as garantias de renda, acesso a atendimento de qualidade em saúde e ambientes que estimulem o convívio social. A Unfpa estimula a criação de sistemas que garantam pensões aos idosos, pois menos da metade da população mundial economicamente ativa é coberta por um sistema previdenciário abrangente.
O estudo ainda traz boas projeções para a América Latina (AL), já que o índice de idosos mede o bem-estar de uma região. Atualmente, a AL, com 10% de idosos, só tem índice superior ao da África (6%). Até 2050, no entanto, a presença de pessoas com mais de 60 anos na AL deve crescer para 25%, atrás apenas das projeções para a América do Norte (27%) e Europa (34%).
Brasil
No Brasil, também se verifica a tendência de envelhecimento. Segundo estudo recente do IBGE, a expectativa de vida da população aumentou 25,4 anos entre 1960 e 2010, devendo chegar a 80 anos em 2040.
Para o presidente do Conselho Estadual dos Direitos do Idoso (Cedi-PR), José Araújo da Silva, o desafio é colocar em prática a legislação brasileira voltada a essa população. "Também é preciso haver esclarecimento e respeito. Com o tempo de sinalização do trânsito, por exemplo, é impossível para um idoso atravessar a faixa", diz.
O gerontólogo Guilherme Falcão afirma que ainda é limitado no país o número de idosos que conhecem seus direitos. Quanto ao acesso ao mercado de trabalho, o gerontólogo vê ingenuidade nas interpretações que analisam muito positivamente o fato de mais idosos estarem trabalhando. "Muitos voltam porque o remédio está caro, o filho ficou desempregado. Trabalham por necessidade", alerta.



