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Sobram roupas e calçados doados em Alagoas

Roupas e calçados estão sobrando em Alagoas e, com tanta quantidade, municípios estão pedindo para que estes itens não sejam mais enviados. Já não há lugar suficiente em algumas cidades para estocar todas as peças de vestuário, após a destruição provocada pela enxurrada.

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Diário da enchente

Sem controle

> Uma operação militar que iria levar donativos para a cidade de Jacuípe (AL) teve de ser abortada quando a aeronave já havia decolado cheia de produtos. A tripulação foi informada que os moradores estavam avançando no material que chegava. A preocupação era que alguém se machucasse ao tentar chegar perto da aeronave. Outro temor era de que ocorressem saques.

Lixo

> Ao passar na frente dos galpões que servem de abrigos na cidade de Murici, na BR-104, é possível notar que a cada dia aumenta a quantidade de lixo depositada pelos moradores.

Sorriso

> Tirar uma foto num abrigo pode gerar grande alegria entre os atingidos. As pessoas querem ser retratadas, principalmente as crianças, mesmo sabendo que não terão aquela imagem de câmera digital.

Muitas "Marias"

> O nome mais comum na região atingida pela chuva é Maria. Há muitas delas e o motivo seria a fé em Nossa Senhora.

Serviço

Saiba como ajudar:

Donativos

> Podem ser levados às agências dos Correios em pacotes de até 30 quilos. A postagem é gratuita e deve ser endereçada à Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Alagoas, Rua Lavenere Machado, 80 – Trapiche da Barra – Maceió/AL – CEP: 57010-383.

Doações em dinheiro

> Podem ser depositadas nas contas correntes dos bancos Real (conta 6.023.076-2, agência 1016), Banco do Brasil (conta 5241-8, agência 3557-2), Caixa Econômica Federal (955-6, agência 2735, operação 006) e Bradesco (conta 10000-5, agência 389-1).

Quem busca informações

> Parentes nas cidades alagoanas atingidas pelas chuvas podem entrar em contato pelo telefone (82) 3315-2822.

Branquinha (AL) - Logo que ouvem o barulho do helicóptero militar trazendo mantimentos, os moradores de uma área isolada devido à chuva no Nordeste correm para recepcionar de longe a tripulação. Eles sabem que essa é a única forma de receber comida, água e medicamentos, artigos de necessidade máxima. A enxurrada que atingiu Alagoas e Pernambuco no dia 18 de junho derrubou pontes e interrompeu o acesso a estradas. A destruição isolou povoados das áreas afastadas, que continuam nessa situação até hoje.

A Defesa Civil de Alagoas diz não ter dados de quantos estão ilhados no estado. Levan­ta­mento da reportagem da Gazeta do Povo constatou que só nas cidades de Branquinha e São José da Laje há ainda 280 famílias ilhadas. A única forma de levar os man­­timentos para a maioria delas é por helicóptero.

As aeronaves da Marinha e da Força Aérea Brasileira fazem em média oito operações por dia para levar donativos aos isolados. São transportadas cerca de dez toneladas de produtos diariamente. A reportagem acompanhou uma operação feita pela Marinha, que levou 1,2 tonelada de donativos a localidades isoladas de Branquinha.

"Não temos para onde ir. Estamos em uma ilha", disse o trabalhador rural João Paulo Soares, 23 anos, que vive em uma área isolada na localidade de Fazenda Paraíso. Ali vivem de 10 a 12 famílias, ilhadas após a chuva destruir a ponte e a estrada que davam acesso ao centro da cidade. O trabalhador rural conta que as famílias ficaram cinco dias sem comida. Tiveram que comer pouco e dividir para que ninguém passasse fome.

Na região rural, a enxurrada preocupou os moradores, mas as casas não foram atingidas. O problema maior foi mesmo o isolamento. Eles têm água, mas falta energia elétrica. "Morar aqui está complicado. Ficamos sem acesso à saúde e tudo o mais", afirma Soares. Ele conta que uma das moradoras está no início da gravidez, mas não ocorreram problemas.

Em outro povoado isolado, conhecido como Jundiaí, em Branquinha, vivem mais famílias. Somando as localidades vizinhas, o número de isolados chega a 80 famílias na região. A área é de assentamento rural e as casas são simples. Militares contam que a área é carente, sem conforto. Em uma das operações, crianças se espantaram porque nunca ti­­nham visto um colchão na vida.

No local, nenhuma casa foi destruída, mas uma ponte próxima caiu e as pessoas ficaram sem acesso. Helicópteros e veículos com tração nas quatro rodas levam alimentos a eles. "Agora melhorou a situação", diz a moradora Francisca Soares.

A prefeita de Branquinha, Renata Moraes, explica que na localidade deverá ser instalada uma jangada para substituir emergencialmente a ponte. Ela nega que os isolados tenham passado fome em algum momento. "Passaram aperto, mas não fome." Segundo a prefeita, abrir os acessos será um trabalho longo pela frente.

Na cidade de São José da Laje, 188 famílias estão isoladas na área rural, segundo a responsável pela assistência social e pela Defesa Civil municipal, Karine Valença. Ela explica que o acesso só pode ser feito por helicóptero ou por meio de longas caminhadas. "Caíram duas pontes e acabaram as estradas. Só se passa a pé ou pelo rio, mas a correnteza está muito forte", diz. Por causa da destruição, o jeito para os moradores tem sido esperar pela ajuda.

Mortes

Chegou a 57 o número de mortes causadas pela chuva no Nordeste com a localização de mais três corpos no município de União dos Palmares (AL). Só em Alagoas são 37 vítimas, segundo a Defesa Civil. O estado tem ainda 69 desaparecidos. Outras 20 pessoas perderam a vida em Pernambuco.

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