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Soldados do Exército patrulham as ruas de Vitória após paralisação da PM. | FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Soldados do Exército patrulham as ruas de Vitória após paralisação da PM.| Foto: FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

A onda de violência que tomou conta do Espírito Santo nos últimos dias se tornou destaque na imprensa internacional. Há quatro dias sem policiamento nas ruas, 68 pessoas foram assassinadas em Vitória e nas cidades próximas e mesmo o início do patrulhamento por soldados do Exército no fim da tarde de segunda-feira não impediu que a região metropolitana de Vitória tivesse mais uma madrugada violenta nesta terça-feira. Desde o último sábado, policiais militares estão sendo impedidos de saírem de quartéis pelos próprios parentes que cobram reajustes salariais para os agentes. Nesta terça, a segurança teve o reforço de 200 homens da Força Nacional.

Publicações britânicas, australianas e alemãs apontaram que a situação traz pânico aos moradores e está prejudicando os serviços públicos.

Opinião - Espírito Santo: lições do caos

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O jornal britânico “The Guardian” destacou que o protesto dos familiares dos policiais militares é causa pela crise que assola o país. “A paralisação das forças da lei em um estado lutando contra um deficit orçamentário é o exemplo mais recente de como o esgotamento financeiro, em meio à pior recessão enfrentada pelo Brasil, está prejudicante até os serviços mais básicos como saúde, educação e segurança”. Segundo a publicação, as cenas gravadas por moradores da ação de bandidos demonstram o “caos” instaurado na região.

O espanhol “El Pais” exemplificou como a onda de violência prejudica a população local. “Autoridades de Vitória e cidades nos subúrbios adiaram o início do ano escolar, prevista para segunda-feira, e ordenou o fechamento temporário de unidades de saúde e parques públicos”, destaca a publicação, que acrescentou “A falta de patrulhamento na cidade provocou aumento significativo de assaltos e atos de vandalismo, como queima de ônibus, e assassinatos”.

O jornal australiano “The Sidney Morning Herald” trouxe em sua manchete sobre o caso: “Brasil manda tropas para o Espírito Santo, estado tomado pela violência por causa de uma paralisação policial”. A publicação destaca ainda que o número de mortos é tão grande nos últimos dias, passando de 50, que “o governo não foi capaz de trazer um número oficial”.

O site alemão “RP Online” também falou das vítimas deixadas pela “violência desenfreada” que tomou conta do Espírito Santo e destaca que policiais militares da região não recebem aumento há 7 anos e que, por causa da paralisação, o “caos” se instaurou no último fim de semana na região.

No início da manhã desta terça-feira, mesmo com a presença de militares nas ruas, muitas lojas, escolas públicas e particulares, bem como pontos de ônibus, ficaram vazios.

Noite violenta

Segundo o Sindicato de Policiais Civis do Espírito Santo, foram confirmadas três mortes violentas na noite de segunda para terça-feira , totalizando 68 homicídios nos últimos quatro dias. O número ainda pode subir nas próximas horas.

Também durante a madrugada, 24 pessoas foram presas em flagrante pelos crimes de roubo, furto e tráfico de drogas. Ninguém foi preso por homicídio. A Secretaria Estadual de Segurança não confirma, por ora, os números. Sem a Polícia Militar na rua, os flagrantes foram feitos por policiais civis da delegacia de plantão judiciário, acionados por guardas municipais.

Como o Departamento Médico-Legal (DML) está com as geladeiras lotadas, os corpos de vítimas de homicídio passaram a ser levados, na noite de segunda-feira, para o Serviço de Verificação de Óbito (SVO), unidade da secretaria de Saúde que recebe os mortos por causa natural. Na manhã desta terça-feira, um carro do DML foi à unidade resgatar corpos para a unidade médico-legal.

Duzentos integrantes da Força Nacional de Segurança começaram a chegar à Grande Vitória no fim da madrugada desta terça-feira, horas depois de soldados do Exército irem às ruas para fazer patrulhamento ostensivo.

A presença dos militares devolveu um pouco da confiança dos moradores, que nesta manhã voltaram a circular pelas ruas da capital do Espírito Santo. A movimentação de pessoas nas ruas é maior do que aquela vista no fim da tarde de segunda-feira, 6. Algumas estabelecimentos voltaram a abrir as portas.

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