Um provável curto-circuito causou um incêndio que destruiu três quartos de uma pensão, chamada de Hotel 24 horas, no Centro de Curitiba na manhã de ontem. Por volta das 6h30, as chamas começaram no segundo andar do prédio, localizado na Rua Pedro Ivo, entre as ruas Barão do Rio Branco e Lourenço Pinto. De acordo com o dono do estabelecimento, Paulo Costa, o Corpo de Bombeiros chegou rapidamente e controlou o fogo em dez minutos, evitando estrago maior. Ninguém ficou ferido. Na segunda-feira, o prédio onde funciona outra pensão na Rua Saldanha Marinho, entre a Alameda Cabral e a Visconde de Nácar, pegou fogo, deixando duas pessoas com ferimentos leves.
Em 63 dias de 2009, o Corpo de Bombeiros registrou 169 casos de incêndio em Curitiba cerca de 2,6 por dia. Em janeiro, foram 77 ocorrências em edificações; 79, em fevereiro; os quatro primeiros dias de março registraram 13 casos. Conforme estudo da instituição, os índices estão dentro da normalidade. Entre janeiro de 2005 e dezembro de 2007, ocorreram 2.714 incêndios média de 75,3 por mês.
Vistorias em residências e estabelecimentos comerciais poderiam diminuir o risco de ocorrências. A grande demanda, no entanto, dificulta o serviço. O engenheiro civil vistoriador da Comissão de Segurança de Edificações e Imóveis (Cosedi) Jorge Castro afirma que o órgão atua quando recebe denúncias. "Um morador vê uma situação que não gosta e nos avisa. Mas não há uma ação preventiva específica para pensões", explica.
Quando há alerta de irregularidades, os engenheiros responsáveis verificam, sobretudo, as instalações elétricas, os sistemas de prevenção de incêndios, a instalação de para-raios e a condição dos aquecedores de gás. "Se houver problema grave, o local pode ser interditado no ato. Ou, dependendo da situação, o engenheiro aplica notificação para que o responsável tome providências", diz o engenheiro.
O tenente Davi Daniel Simão, chefe do Setor de Vistorias do Corpo de Bombeiros, esclarece que é praticamente impossível vistoriar toda a cidade. Conforme Simão, Curitiba tem cerca de 400 mil estabelecimentos comerciais. "Nossa vistoria tem valor de um ano. Teríamos que fazer 400 mil em um ano", afirma. Na prática, seriam necessárias mais de mil visitas por dia.
Simão afirma que, muitas vezes, em pensões antigas, não há a adequação necessária para receber clientes. "Simplesmente se coloca uma placa na frente e abre, sem a estruturação necessária", diz. No caso do Hotel 24 horas, o proprietário afirma ter todas as obrigações em dia. "Não há como abrir um estabelecimento sem a autorização dos bombeiros", afirma
Perfil
Segundo Costa, os visitantes desse tipo de pensão passam, no máximo, duas noites no local. E o perfil dos clientes é bastante democrático: "De modelo a 'rapariga'. De cinco estrelas a zero à esquerda. Desde quem tem dinheiro até quem não tem", brinca. Com 20 quartos, o proprietário diz ter uma média de 25 pessoas por noite. Os fins de semana pesam na estatística porque, geralmente, lotam a pensão. "O pessoal sai para os bailões e dorme por aqui", conta.



