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Deficiência

Inclusão esbarra em capacitação

Acesso a mercado de trabalho é prejudicado por falta de educação formal. Quem entra, tem dificuldade de permanecer

Edenir tem apenas 20% da visão e foi hostilizado após passar em um concurso | Antônio More/Gazeta do Povo
Edenir tem apenas 20% da visão e foi hostilizado após passar em um concurso (Foto: Antônio More/Gazeta do Povo)
Na faculdade e empregado, Cristian Oleguini acha que esforço leva à superação |

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Na faculdade e empregado, Cristian Oleguini acha que esforço leva à superação

dia src="431443">Em 20 anos de vigência, a Lei 8.213 conseguiu um importante avanço na sociedade brasileira: colocou a questão do portador de deficiência em evidência. Criada em julho de 1991, a Lei das Cotas obriga empresas com mais de 100 funcionários a reservar de 2% a 5% de suas vagas para empregados com deficiência. Cidadãos que de­­­­penderiam da ajuda da família, instituições ou da Previdência So­­­­cial têm a chance de exigir um em­­­­prego, garantido pela legislação. VÍDEO: Jornalista Rafael Bonfim, do Blog Inclusilhado, fala sobre inclusão de pessoas com necessidades especiais Mas ainda há um longo trajeto até a real inclusão. O maior desafio está na educação formal. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Esta­­tística (IBGE), há 2,3 milhões de brasileiros de 5 a 17 anos com deficiência no país. Porém, no censo da Edu­cação Básica de 2010 havia cerca de 700 mil matrículas de alunos especiais no ensino básico. O descompasso se reflete no futuro: hoje, 79% dos deficientes têm até sete anos de estudo, segundo o IBGE. O maior avanço foi em 2007, quando se intensificou a inclusão das crianças com deficiência no ensino regular. Hoje, a prática ainda enfrenta resistência de pais e professores, e é preciso promover a capacitação dos profissionais, ainda pouco familiarizados com as especificidades de cada deficiência. Também falta atendimento individual e multidisciplinar aos alunos com deficiência em centros especializados, através de mais investimento em capacitação de equipes de saúde e serviço social, por exemplo. ?O ensino regular está previsto na Constituição e no Estatuto da Criança e do Adolescente e deve ser a regra, para permitir o exercício de direitos fundamentais, como o direito ao trabalho. Passamos por um período de modernização, de quebra de paradigmas. Ao mesmo tempo, no entanto, é preciso investir nessas escolas para promover de fato a integração?, diz a promotora de Justiça Rosana Bevervanço, coordenadora do Centro de Apoio à Promotoria de Justiça de Defesa das Pessoas Portadoras de Deficiência do Ministério Público do Paraná. A promotora ressalta ainda que praticamente todas as escolas públicas também não estão adaptadas para receber alunos com dificuldade de locomoção ou deficiência visual. ?A escola ainda é excludente.? Qualificação Quem consegue terminar os estudos enfrenta a falta de capacitação. Com a criação da Lei de Cotas, várias parcerias foram firmadas entre governos e ONGs para preparar o deficiente para o mercado, mas o conteúdo ensinado ainda não atende às exigências das empresas. ?O maior problema hoje é a formação inadequada [para a atividade que será desenvolvida pela pessoa com deficiência]. Os cursos ofertados ainda têm pouco valor agregado?, explica José Antônio Fares, diretor-superintende do Serviço Social da Indústria (Sesi) no Paraná. O resultado está nos postos ocupados pelos deficientes, geralmente na linha de produção da indústria, e nos baixos salários. Dados publicados pelo Ministério do Trabalho em dezembro demonstram que, das 4.021 vagas criadas no último quadrimestre de 2010 para esse público, 90% pagavam até um salário mínimo. No mesmo período, foram extintas quase 3,5 mil vagas que pagavam entre 1 e 15 salários mínimos. Para Fares, é preciso que as empresas invistam mais na qualificação, até para evitar a alta rotatividade entre os trabalhadores cotistas, que têm dificuldades de adaptação e para realizar o trabalho exigido. ?As empresas precisam ousar mais e pensar em novas estratégias para não só cumprir a lei, mas manter o trabalhador nesse emprego. Já há iniciativas deste tipo em Curitiba, mas ainda são experiências específicas?, afirma. Interatividade Quais parcerias poderiam ser firmadas entre governo, empresas e ONGs para garantir a inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho? Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.

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