Brasília O presidente da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), brigadeiro José Carlos Pereira, disse ontem que as investigações sobre as causas do choque no ar entre o Boeing 737-800 da Gol e o jato Legacy precisam ser mantidas em sigilo. "É compreensível a ansiedade, mas essa investigação deve ser feita em sigilo", comentou o brigadeiro, após anunciar em entrevista coletiva o início das obras de recuperação da pista do Aeroporto de Congonhas, onde um avião da Gol deslizou ontem na hora do pouso.
Ele defendeu que qualquer conclusão sobre a queda do Boeing, que resultou na morte de 154 pessoas no dia 29 de setembro, só pode ser tirada após a contextualização de todas as informações retiradas das caixas-pretas do Legacy e também do Boeing. O brigadeiro afirmou não ter dados sobre as apurações e nem se o piloto do Boeing foi avisado pelos controladores de vôo sobre o risco. Falando de forma teórica, no entanto, ele comentou que, se um controlador verifica risco e tem que avisar um piloto no ar, ele também tem que sugerir uma alternativa. "Caso contrário, o controlador só cria pânico no piloto", comentou.
Pereira lembrou que durante anos os vôos sobre a Amazônia foram feitos sem radar, porque o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) foi criado há pouco tempo, e não havia colisões entre aviões. "E como isso era garantido? Com os pilotos cumprindo rigorosamente o plano de vôo traçado e fazendo qualquer modificação na rota somente com autorização expressa das torres", comentou.
A norte-americana ExcelAire, proprietária do Legacy, divulgou nota ontem informando que "a empresa tem grande interesse em ver o processo de investigação seguir adiante até sua justa conclusão". A empresa disse confiar nas autoridades que conduzem o caso.
Na nota, a empresa afirma que, assim como seus pilotos, tem cooperado "plenamente com as autoridades que estão investigando as circunstâncias e causas do trágico acidente aéreo".
Após a colisão, o Legacy conseguiu pousar na base aérea do Cachimbo. As investigações e o resgate dos corpos prosseguem.
"Durante o estágio inicial de investigação, a ExcelAire pretende agir com discrição e sensibilidade, em respeito às famílias das vítimas e ao processo em curso."
A empresa prefere não comentar as possíveis causas do acidente. "Especulações e acusações levianas não contribuem para a correta descoberta dos fatos e são injustas para todas as partes envolvidas."



