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Tecnologia

Integração em rede é questionada

Teorias defendem a polarização de usuários do Facebook, enquanto novo estudo reforça a pluralidade de informações disponíveis

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O advogado Alexandre Saldanha se considera um ativista social virtual. Sua bandeira é engajar pessoas contra o bullying |

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O advogado Alexandre Saldanha se considera um ativista social virtual. Sua bandeira é engajar pessoas contra o bullying

Henrique e Patrícia usam o Facebook para trabalhar e acompanhar os amigos |

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Henrique e Patrícia usam o Facebook para trabalhar e acompanhar os amigos

Em seis semanas, Lucas Cordeiro tem mais de 500 amigos no Facebook |

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Em seis semanas, Lucas Cordeiro tem mais de 500 amigos no Facebook

Oito anos de vida. 250 milhões de fotos e 2,7 bilhões de comentários postados por dia. 451 novos usuários cadastrados a cada minuto no mundo. Haja números para decifrar o fenômeno Facebook, uma das poucas unanimidades entre internautas de diferentes países e classes sociais. Prestes a atingir a marca de 1 bilhão de "habitantes", em agosto deste ano, a rede social é hoje também o centro das atenções de pesquisadores e acadêmicos. Alguns desses, muito mais descrentes quanto à real capacidade do Facebook em conectar e integrar todas as pessoas do planeta, como defende seu criador, Mark Zuckerberg.

Para parte dos estudiosos, a rede social, ao invés de abrir os olhos dos usuários para diferentes culturas e opiniões, vai na direção oposta: os internautas tendem a somente ler, assistir e compartilhar links e notícias que confirmem suas próprias crenças e a de seus amigos próximos, virtuais ou reais. E vai além. Ao contribuir pa­­ra criar um mundo cada vez mais polarizado, o Facebook, e a web como um todo, seria incompatíveis com o conceito de democracia. Tais teorias, que vieram à tona no fim da década passada, receberam nomes sugestivos, como Filter Bubble e Echo Cham­ber (bolha-filtro e câmara de eco, na tradução literal para o português).

Defendidas por muitos especialistas, agora essas teorias são confrontadas por uma nova tese, embasada por um estudo do pesquisador americano Eytan Bakshy. O Ph.D. em Estudos da Informação defende que, mesmo sendo mais propensos a "ecoar" as ideias e crenças dos amigos próximos, os usuários do Facebook têm a vantagem de receber informações que não veriam por conta própria em outro lugar da rede. Dados repassados justamente pelos laços mais fracos das amizades virtuais.

Bem fundamentada, a tese teve como objeto de estudo 253 milhões de usuários do Facebook. Apesar de alardeada por famosos teóricos da web, como o pesquisador Farhad Manjoo, há um detalhe que vai contra o estudo: Bakshy faz parte do time de funcionários de Zuckerberg. Ou seja, o estudo que defende a pluralidade do Facebook foi conduzido dentro da própria rede.

Novo timing

Mesmo sem conclusões definitivas para ambos os lados, a perspectiva é de que os números do Facebook não vão parar de crescer tão cedo. "As redes sociais mudaram o timing do relacionamento humano e nosso conceito de privacidade. Não existe a polarização dos relacionamentos, mas sim a facilitação", defende o professor de Tecnologia da Informação da Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo Rafael Lamardo.

Para o diretor-executivo da Morphy Agência Interativa e um dos precursores da internet no Brasil, Marlon Souza, a abrangência de redes como Twitter e Facebook atravessa qualquer "bolha" que possa existir na web. "No Facebook, as pessoas estão mais próximas de quem está distante e mais distantes de quem está próximo. Nesse ponto, a rede nos leva muito mais longe do que o nosso círculo de amigos poderia levar", avalia.

Contra a maré no ativismo virtual

O advogado Alexandre Saldanha, 27 anos, se considera um ativista social. Diferen­temente do estereótipo do manifestante que vai às ruas munido de placas e um fôlego incansável para entoar gritos contra a injustiça, seu campo de atuação é virtual. Tendo como principais bandeiras a prevenção e o combate ao bulliyng, Alexandre usa seu perfil no Facebook para, segundo ele, "tentar fazer as pessoas refletirem". O pequeno índice de pessoas que curtem e compartilham seus posts mostra que a tarefa não é fácil.

O advogado garante, porém, que a experiência na rede é positiva. "Dá um retorno diferente do que acontece em palestras, por exemplo. Você consegue mapear diferentes tipos de comportamento e trocar experiências", afirma.

Para fugir do discurso moralista, Alexandre apela para trechos de filmes, músicas e citações de personalidades. O difícil é competir com fotos de humor e flagrantes de violência no Facebook alheio, critica. "Em geral, as pessoas postam coisas que ou são muito violentas ou não acrescentam em nada. Não entendo o porquê disso", desabafa.

Interatividade

De que formas as redes sociais podem ser usadas em benefício dos usuários?

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