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Sistema viário

Integração vai mudar o perfil do Umbará

Obras na Nicola Pellanda formarão um corredor metropolitano ligando Fazenda Rio Grande a um dos bairros mais tranquilos de Curitiba

Paisagem bucólica do Umbará é cortada pelo asfalto: obra tem o objetivo de desafogar o trânsito da BR-476 e incrementar o crescimento industrial da região | Fotos: Daniel Derevecki/Gazeta do Povo
Paisagem bucólica do Umbará é cortada pelo asfalto: obra tem o objetivo de desafogar o trânsito da BR-476 e incrementar o crescimento industrial da região (Foto: Fotos: Daniel Derevecki/Gazeta do Povo)
Pedroso:

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Pedroso:

As obras de ligação entre Fazenda Rio Grande, na região metropolitana (RMC), e o bairro do Umbará, em Curitiba, estão dividindo opiniões quanto às vantagens do progresso e a transformação radical de um dos bairros mais calmos da cidade. Considerado um "pulmão" da cidade, o Umbará tem 533 metros quadrados de área verde por morador em seus 22,4 milhões de metros quadrados. A média em Curitiba, conforme a prefeitura, é de 51 metros quadrados por habitante.

Prevista para estar pronta até dezembro de 2009, a intervenção tem o objetivo de formar um corredor metropolitano – integrado ao Programa de Integração do Transporte (PIT), que prevê a interligação de municípios da RMC com Curitiba – a fim de desafogar o trânsito através do desvio da BR-476 para a Avenida Nicola Pellanda e incrementar o crescimento industrial da região. Está sendo realizada pelo governo do estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedu) e a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec).

Para o dono de uma indústria cerâmica do bairro, Gérson Bonato, 37 anos, a grande quantidade de veículos que virá com o fim das obras é motivo de receio. Ele lembra que o local já é movimentado devido à passagem de caminhões das olarias da região, mas ainda controlável. "Vai mudar o estilo de vida do bairro."

As irmãs Raquel e Rafaela Orso também acreditam que o perfil de quietude do Umbará vai mudar, mas acham que não há como escapar do progresso. Moradoras de um fundo de vale, têm as obras praticamente a sua porta. As máquinas pesadas usadas nas obras deixam o fluxo de carros, ônibus e caminhões em uma pista, o que requer muita paciência. Ao lado, verdadeiras crateras esperam a colocação das manilhas. Conforme a Comec, todos os problemas pontuais são continuamente adaptados para gerar o mínimo impacto possível.

Novos tempos

Morador há mais de 27 anos da Vila Calixto, o carroceiro Francisco Antonio Pedroso, 60 anos, que trabalha com reciclagem de produtos, afirma que as obras são essenciais para os moradores. "Com a chegada dos ônibus teremos mais opções aos fins de semana. Vai ter trânsito, mas os moradores do Umbará não podem pensar só neles", argumenta. Para Pedroso, os moradores da cidade vizinha de Fazenda Rio Grande também têm direito a poder usar o caminho para vir até Curitiba. Quanto a dividir o espaço, em sua carroça, com um tráfego muito mais intenso, ele ri: "Desvio pelo Ganchinho, se for preciso. Não quero atrapalhar o trânsito de ninguém".

Um sinal das mudanças pelas quais o bairro vai passar está na baira do asfalto recém-colocado: a cada dia, surgem novas placas de venda de lotes, apontando para o futuro do bairro.

O arquiteto e urbanista Clóvis Ultramari, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, analisa a obra por dois diferentes ângulos. Na ótica metropolitana, a obra é importante pelo ganho social e econômico que vai proporcionar para as duas cidades. Do ponto de vista dos moradores, ele não descarta que a construção da avenida vai causar impacto, mas diz que atualmente os projetos são realizados com muito mais cuidado, pensando no bem-estar dos envolvidos. Para o urbanista, cada problema deve ser analisado pontualmente. "Uma obra como essa virá ordenar o trânsito, que já existe hoje e propiciar o crescimento da região."

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