Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Violência

Interior do PR tem aumento de homicídios. Foz é a exceção

Londrina, Maringá, Cascavel e Ponta Grossa tiveram aumento de assassinatos. Secretaria de Segurança não reconhece números

Prevenção: aumento de policiamento seria um dos motivos para a redução da criminalidade em Foz do Iguaçu | Christian Rizzi/Gazeta do Povo
Prevenção: aumento de policiamento seria um dos motivos para a redução da criminalidade em Foz do Iguaçu (Foto: Christian Rizzi/Gazeta do Povo)
Confira a situação nas maiores cidades do estado |

1 de 1

Confira a situação nas maiores cidades do estado

Foz do Iguaçu - Foz do Iguaçu, no Oeste do estado, registrou no ano passado o menor número de homicídios da década: foram 172 assassinatos, contra 205 em 2008. A cidade – apontada em anos anteriores como uma das mais violentas do país – não tinha um balanço anual com menos de 200 mortes há oito anos.

Embora a Secretaria de Estado da Segurança Pública ainda não tenha divulgado o balanço oficial da criminalidade no Paraná em 2009, um levantamento da Gazeta do Povo nos IMLs e delegacias de Homicídios mostra que Foz é exceção, quando comparada com as principais cidades do estado.

De acordo com os números divulgados pelas próprias subdivisões policiais, com exceção de Foz do Iguaçu, nos maiores municípios do interior do Paraná o número de assassinatos aumentou: isso ocorreu em Londrina, Maringá, Ponta Grossa e Cascavel.

Em Curitiba, o número de homicídios cresceu 15% em 2009 em relação ao ano passado, segundo balanço do IML da capital. Entre as cidades analisadas, Ponta Grossa foi a que sofreu o maior aumento da violência. Foram 54 mortes no ano passado, 28,5% a mais que no ano anterior, quando 42 pessoas morreram assassinadas.

Na opinião de três sociólogos especialistas em segurança pública, o crescimento da violência no interior é resultado de fatores distintos que, somados, contribuem diretamente para o crescimento da criminalidade e, principalmente, do homicídio.

Para o professor da Univer­sidade do Oeste do Paraná (Unioes­te) José Afonso de Oli­­veira, a violência surge da combinação de quatro ingredientes perigosos. "A desagregação familiar, o fracasso do sistema educacional, o fácil acesso a atos ilegais, como o tráfico e o consumo de drogas, e um estado de violência permanente, sem impunidade", diz.

A professora do Departamento de Ciências Sociais da Uni­ver­sidade Federal do Paraná (UFPR) Ana Luisa Fayet Sallas explica que um dos combustíveis para o acréscimo de homicídios no interior é a invasão das drogas. "An­­tigamente, tínhamos focos restritos de tráfico e consumo de drogas. Mas o cenário mudou. É possível encontrar drogas no Brasil inteiro, principalmente o crack, que é altamente destrutivo. O consumidor fissurado pode matar e roubar alguém para conseguir R$ 3 para comprar uma pedra. E os traficantes também podem matar por uma dívida insignificante".

Lindomar Bonetti, professor da Pontifícia Universidade Cató­lica do Paraná (PUCPR), afirma que a violência aumentou à medida que as cidades foram crescendo sem planejamento. "As cidades tidas como regionais, como Londrina e Cascavel, além de concentrarem a produção econômica e o dinheiro, também concentram as desigualdades sociais, as favelas, as drogas, os conflitos familiares. E tudo isso pode explicar o aumento da violência".

A reportagem levou em consideração apenas os homicídios. Não foram contabilizados os latrocínios e as mortes que aconteceram em confrontos com a polícia.

Foz do Iguaçu

Repressão, investigação, investimentos e mudança de cultura foram as armas usadas pela Polícia em Foz do Iguaçu para combater a violência e, principalmente, os homicídios.

Segundo o titular da Delegacia de Homicídios, delegado Marcos Araguari de Abreu, a redução de homicídios no ano passado não foi um acontecimento isolado, mas gradual. "Há três anos que o número de homicídios está diminuindo", afirma. O ápice das mortes violentas na fronteira aconteceu em 2006, quando 327 pessoas foram assassinadas. Nos anos seguintes, esses números caíram para 294 e 205, respectivamente.

Alexandre Macorim, delegado-chefe da 6.º Subdivisão Policial, de Foz do Iguaçu, afirma que desde a criação da Delegacia de Homicídios, os resultados em Foz do Iguaçu melhoraram. "Antiga­mente, apenas 11% dos crimes de homicídio eram elucidados, hoje esse número saltou para 50%. Nosso objetivo é terminar 2010 com 80%".

A criação de um disque-denúncia gratuito e anônimo, a realização de grandes operações policiais, como a Foz Segura, a compra de novas viaturas, o aumento no efetivo da delegacia, a criação de um banco de dados com possíveis futuros alvos de homicídio, tudo isso, diz o delegado-chefe, contribuiu para redução do homicídio na cidade. "Além dos fatores técnicos, os indicadores sociais da cidade também cresceram nos últimos anos e ajudaram na redução dos números".

Sesp

Procurada pela reportagem para comentar o aumento do número de homicídios nas principais cidades do interior do estado, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) preferiu não se pronunciar.

Por meio de nota, a secretaria afirma que não reconhece os dados levantados pela reportagem e que a Coordenadoria de Análise e Planejamento Estraté­gico está finalizando as estatísticas do crime em todo o estado no ano de 2009.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.