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Invenção dá autonomia a cegos

Engenheira cria aparelho que permite a identificação de roupas e alimentos por meio de leitor e etiquetas

Uma invenção da engenheira eletricista recém-formada Fabiane Kelle de Almeida, de Curitiba, promete mudar a rotina de deficientes visuais. Ela criou um aparelho que permite a identificação de objetos por meio de um leitor e etiquetas. O processo é simples: ao comprar uma roupa, medicamentos ou um alimento congelado, o usuário coloca uma etiqueta no produto, passa no leitor e faz uma gravação de voz. Ele pode gravar, por exemplo, a cor e o modelo da peça de roupa. Depois, cada vez que quiser saber o que vai vestir ou comer, é só passar no leitor.

A ideia surgiu depois de uma conversa que um colega de Fabiane teve no Instituto Paranaense de Cegos. Os deficientes visuais relataram a dificuldade que têm para escolher roupas e sair de casa com a certeza que estão combinando, por exemplo, uma calça e um paletó da mesma cor. Eles relataram a necessidade de mais autonomia no dia-a-dia, sem precisar de alguém que tenha uma boa visão a todo o momento. Para eles, a ida ao mercado é um suplício, já que precisam de auxílio para escolher quase tudo. Em relação aos medicamentos, é a mesma situação.

Fabiane se graduou em Engenharia Elétrica pela Universidade Positivo no ano passado. Durante todo o período sabia que no Trabalho de Conclusão de Curso iria fazer algo para auxiliar os portadores de necessidades especiais. Depois da conversa com o amigo, veio a ideia. Na sala de aula um dos professores comentou sobre uma tecnologia chamada identificação por rádio frequência (RFID), a mesma utilizada por lojas para coibir roubos. Diferente do código de barras, que precisa ser passado na posição correta para que a leitura ocorra, o RFID permite que a etiqueta esteja distante e a leitura ocorre em qualquer posição.

Durante oito meses Fabiane trabalhou para desenvolver o projeto. Junto com o leitor há um sistema de gravação de voz e som. As etiquetas escolhidas, também chamadas de tags, são similares ao tamanho de um botão. Além de pequenas, elas são resistentes. Podem ser lavadas na máquina, colocadas no congelador e serem passadas com o ferro de passar roupa. O aparelho ainda será aprimorado. Hoje o tamanho do identificador equivale a dois celulares e precisa ser conectado na tomada. O áudio ainda precisa de caixas de som portáteis para sair. O objetivo de Fabiane é deixá-lo menor e totalmente portátil.

Ela também planeja outras utilidades para a invenção. Além de ser utilizado dentro de casa, o identificador pode ser usado em supermercados e placas de rua. Ao fazer compras, por exemplo, o deficiente visual levaria seu aparelho e os supermercados teriam etiquetas em cada prateleira com informações sobre o produto, como a marca e a data de validade. Nas ruas, as etiquetas poderiam conter o nome e a numeração de cada via.

Agora Fabiane está trabalhando para conseguir um patrocínio e poder fabricar em larga escala sua criação. Ela calcula que o preço médio para a fabricação de cem unidades seria de R$ 500 a R$ 700, mas com a ampliação da produção o custo pode baixar. Neste mês, ela participou do quadro Domingão da Invenção, da Rede Globo.

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