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Mortes

Investigação aponta falha humana em ressonância

Autoridades de saúde avaliam possibilidade de erros na aplicação do contraste usado no exame. Reação natural ao produto foi descartada

Três pessoas morreram após exames em hospital de Campinas | Denny Cesare/Futura Press
Três pessoas morreram após exames em hospital de Campinas (Foto: Denny Cesare/Futura Press)

As investigações das autoridades de saúde sobre a causa da morte de três pacientes, após realizarem exames de ressonância magnética no hospital Vera Cruz, na segunda-feira, em Campinas (SP), apontam para uma falha humana nos procedimentos de aplicação do contraste (composto químico, a base de gadolínio, usado para melhorar a qualidade das imagens e do diagnóstico).

Ontem, técnicos da Agen­­cia Nacional de Vigi­­lân­­cia Sa­­nitária (Anvisa) e das secretarias de Saúde estadual e municipal auxiliaram a Polícia Civil a reconstituir os procedimentos adotados pelos funcionários do Centro Radiológico, no Vera Cruz, durante os exames das três vítimas. Quem trabalhava no dia teve de contar e simular todos os passos para o Instituto de Criminalística.

O secretário municipal de Saúde, Carmino Antonio de Souza, não descartava as demais linhas de investigação, como contaminação dos produtos usados. Nesta quinta, porém, ele descartou pela primeira vez a possibilidade de que as vítimas tenham sofrido uma reação natural ao produto do contraste. "A única certeza que eu tenho é de que [as mortes] não foram ao acaso. Algo foi injetado na veia dessas pessoas que as matou", afirmou o secretário. "É uma situação de raridade extrema. Foram três casos sequenciais, no mesmo dia, em um curto espaço de tempo. Posso afirmar que não é por acaso. Seria o mesmo que três aviões caíssem em um mesmo local, no mesmo dia, na mesma hora", acrescentou.

Nenhum dos pacientes apresentava problemas de saúde e todos fizeram ressonância magnética do crânio, segundo a direção do hospital. Dois passaram mal minutos depois do exame e um paciente chegou a deixar a unidade médica, mas retornou após sentir dores. As vítimas foram a auxiliar administrativa Mayra Cristina Monteiro, de 25 anos, o empresário Pedro Ribeiro Porto Filho, de 36 anos, e o zelador Manuel Pereira de Souza, de 39 anos.

Análise

Dois especialistas – um da Anvisa e outro do município – analisaram os resultados dos exames dos pacientes para averiguar pelas imagens possíveis superdosagens de contraste. A hipótese, porém, perdeu forças nas apurações, segundo o secretário. Ele disse que os resultados indicam que, aparentemente, não foi injetado volume elevado do produto – o que poderia ter gerado uma reação.

Outra evidência que reduz as chances de a máquina ter injetado uma quantia errada de contraste é o fato de que uma das três vítimas fez o exame em um aparelho que não tem bomba de infusão. Nesse caso, o contraste é injetado por um enfermeiro, durante o exame.

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