No Cemitério do Boqueirão, 130 jazigos estão com novos donos. A prefeitura de Curitiba fez a reversão de permissão de uso depois de verificar as condições de todos os túmulos com mais de três anos de uso. Os jazigos incluídos na reversão estavam sem manutenção. "Estavam abandonados, quebrados e em péssimas condições. Fotografamos, anunciamos em jornal e procuramos as famílias. Nos casos em que não houve resposta, foi feita a reversão", explica o diretor da Divisão de Serviço Funerário Municipal, Augusto Canto Neto.
Os restos mortais foram levados para o ossário municipal. "Caso a família procure, está tudo lá, identificado."
A servidora pública aposentada Helena dos Santos Neves, 66 anos, estava na fila por um jazigo há 16 anos. Neste ano, ganhou uma vaga no Boqueirão. "Fiquei muito doente nesse período. Teve umas três vezes que achei que morreria. Agora estamos construindo três gavetas. Mas não pretendo usar tão cedo."
A construção das gavetas vai custar cerca de R$ 3 mil. "É caro, mas é menos do que pagaria em um cemitério particular", explica.
Outras 736 famílias ainda esperam um jazigo no Cemitério do Boqueirão.
No cemitério da Água Verde, a reversão começou no passado. 521 famílias ganharam novas túmulos e 97 permanecem na espera.
Nos cemitérios São Francisco de Paula e o da Santa Cândida os processos encontram-se em andamento. A previsão é que sejam concluídos até o final deste ano e que cerca de 400 jazigos sejam colocados à disposição.
De acordo com Canto Neto, um decreto de 1965 determina que apenas os requerentes podem ser contemplados com o jazigo. "Esses dias uma viúva nos procurou, mostrando que o falecido marido havia entrado na fila e, que agora ela deveria ser contemplada. O pedido dela seguiu para a Procuradoria do município, mas foi negado. A lei fala que só quem se cadastrou pode ter a vaga." Neste ano, a prefeitura não deve abrir cadastro para novas inscrições.



