Uma empresa da Bahia desenvolveu para os bicheiros do Rio de Janeiro o controle do jogo por tablet por R$ 76 mil. Do computador manual, os contraventores podem acompanhar, on-line, o número de apostas feitas, os valores apostados em cada ponto de controle da quadrilha e dar ordem se devem ou não interferir no resultado. A descoberta foi feita por promotores do Ministério Público estadual e policiais da Corregedoria da Polícia Civil do Rio que desencadearam anteontem a operação Dedo de Deus.
Conversas gravadas com autorização judicial mostram que Luiz Pacheco Drummond, o Luizinho, patrono da escola de samba Imperatriz Leopoldinense, foi o primeiro a implantar a novidade no Rio. Drummond começou por testar a novidade primeiro por seus pontos na Barra da Tijuca. Depois a novidade se espalhou pela cidade.
Gravação telefônica mostra Yuri Soares, filho de Jaider Soares (da escola de samba Grande Rio), e conhecido como "filho do dono", conversando com um funcionário, identificado apenas como Wallace, da empresa Projeta Tecnologia e Projetos. Na gravação, interceptada em 10 de agosto, Wallace orienta Yuri a como utilizar a novidade que já havia sido implantada nos pontos de Luizinho Drummond.
Luizinho Drummond está foragido. A polícia suspeita que ele tenha deixado o Rio ainda na noite de quarta-feira, véspera da operação. Yuri também não foi encontrado pela polícia. O funcionário da Projeta, conhecido apenas como Wallace, não foi identificado.
A Corregedoria-Geral Unificada irá investigar dois delegados e um tenente-coronel da PM do Rio sob a suspeita de envolvimento com o jogo do bicho. Policiais civis das delegacias de Duque de Caxias e Vilar dos Teles também são suspeitos de participação no esquema de contravenção.
O Ministério Público pediu a investigação dos delegados Eliezer Lourenço e Walter Barros. Anteontem, 43 pessoas foram presas sob suspeita de envolvimento com o jogo do bicho. Três supostos chefes estão foragidos: Aniz Abraão David, o Anísio da Beija-Flor, Luiz Pacheco Drummond, o Luizinho da Imperatriz Leopoldinense, e Helio Ribeiro de Oliveira, o Helinho, presidente da escola de samba Grande Rio. As investigações incluem o empresário Ronaldo Calaça, preso anteontem.



