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RJ

Jovem que peregrinou por cinco hospitais segue em estado grave no CTI

Rapaz passou sete horas de agonia dentro de uma ambulância e pelo menos 80km percorridos até conseguir uma vaga em um hospital

O jovem Gabriel Paulino dos Santos Sales, de 21 anos, internado no Hospital Municipal Salgado Filho depois de cair da laje da sua casa em Duque de Caxias, segue em estado grave no CTI da unidade. Segundo a Secretaria municipal de Saúde, Gabriel está sedado e respira com a ajuda de aparelhos. Ele sofreu politraumatismos, incluindo um traumatismo craniano. Ainda não há previsão de neurocirurgia para o paciente. Na noite de terça-feira, o secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, afirmou ser "inadmissível" o que aconteceu e decidiu instaurar uma sindicância sobre o atendimento prestado a Gabriel em todas as unidades pelas quais ele passou.

Na noite de segunda-feira, ele caiu de uma altura de cerca de cinco metros, quando tentava fazer um conserto na rede de internet em casa, em Xerém. Em seguida, o rapaz, que é operador de máquinas e está desempregado, passou sete horas de agonia dentro de uma ambulância e pelo menos 80km percorridos até conseguir uma vaga.

Irmão da vítima, o consultor de seguros Rafael Paulino dos Santos Sales, de 22 anos, passou a terça-feira na porta do Salgado Filho esperando informações sobre o estado de Gabriel. Segundo Rafael, seu irmão caiu de uma altura de cinco metros quando tentava consertar a rede de internet em sua casa: "Estou aqui desde 6h30m e não tenho notícia dele. O acidente aconteceu às 16h30m de ontem (segunda-feira) e a ambulância passou por cinco lugares: o posto de saúde de Xerém e os hospitais de Saracuruna (Adão Pereira Nunes, em Caxias), Getúlio Vargas (Penha), Souza Aguiar (Centro) e Carlos Chagas (Marechal Hermes). Ele ficou de lá para cá na ambulância, inconsciente.

A Secretaria estadual de Saúde afirmou que a peregrinação de Gabriel teria sido evitada se, após a estabilização do paciente no posto de Xerém, a unidade tivesse recorrido à Central de Regulação de Leitos. A partir das informações preliminares do seu estado de saúde, a central teria buscado a unidade adequada para recebê-lo.

A Secretaria de Saúde de Duque de Caxias, por sua vez, afirmou que não cabia ao posto de Xerém acionar a Central de Regulação de Leitos do estado. O município alega que o paciente, após o atendimento preliminar, foi enviado para o hospital especializado mais próximo, o Adão Pereira Nunes, que pertence ao estado e deveria ter acionado a central.

Segundo a Secretaria estadual de Saúde, o Hospital de Saracuruna, que é referência em trauma, não recusou o paciente. A decisão de não interná-lo na unidade, de acordo com o órgão, foi do médico da ambulância do município de Caxias, já que o tomógrafo da unidade estava em manutenção. Sobre o Hospital estadual Getúlio Vargas, a secretaria explicou que o paciente também não deu entrada lá porque o médico da ambulância teria perguntado se a unidade tinha um neurocirurgião. Com a resposta negativa, ele teria decidido procurar o Souza Aguiar, que é municipal.

Hospital Carlos Chagas não tem neurocirurgião

Ali, o paciente também não ficou. A explicação da Secretaria municipal de Saúde foi que o Souza Aguiar estava com o serviço de neurocirurgia atendendo três casos graves.

A penúltima tentativa foi no Hospital estadual Carlos Chagas. A nota da Secretaria estadual de Saúde explica que na unidade, aonde chegou já intubado, Gabriel passou por exames diversos, que indicaram a necessidade de neurocirurgia. A família do paciente confirmou a realização de exames no hospital. No entanto, ele não pôde ficar lá, segundo a secretaria, porque o Carlos Chagas não tem atendimento de politrauma, nem neurocirurgião. A nota afirma que "a própria direção do Hospital Carlos Chagas fez a regulação do paciente para o Hospital Municipal Salgado Filho".

A Secretaria municipal de Saúde disse que não consta no sistema de regulação do município solicitação de internação para o paciente, mas "a prefeitura do Rio, por meio do Hospital Municipal Salgado Filho, está tratando do paciente".

Côrtes determinou a abertura de uma sindicância para apurar os atendimentos em todos os hospitais por onde Gabriel passou. "Na sindicância nós vamos solicitar todo o atendimento dele em cada um desses locais onde ele passou, desde o posto de saúde em Xerém, (na Baixada Fluminense), ao Hospital de Saracuruna (Adão Pereira Nunes), ao [Hospital estadual] Carlos Chagas e até mesmo ao [Hospital municipal] Salgado Filho. É uma situação inadmissível. O início da situação já é totalmente errado".

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