
Um terço das pessoas que morrem anualmente no trânsito em todo o mundo é de jovens de até 25 anos. Os números, fornecidos pela Organização Mundial da Saúde, são tão alarmantes quanto as estatísticas nacionais. No Brasil, dados do Departamento Nacional de Trânsito revelam que, em média, 40% dos mortos em acidentes têm entre 18 e 29 anos. E no Paraná a situação não é diferente. No ano passado, 31% das vítimas que morreram tinham menos de 29 anos, segundo o Detran. Por tudo isso a Semana Nacional de Trânsito deste ano, realizada de hoje até o próximo dia 25, terá como mote "O Jovem e o Trânsito".
Uma pesquisa realizada pelo Ibope sobre a percepção dos jovens brasileiros em relação ao trânsito mostra que eles têm consciência do comportamento de risco que assumem. Mil jovens entre 16 e 25 anos foram entrevistados em 67 municípios brasileiros em abril deste ano. "Identificar o pensamento do jovem é essencial para o desenvolvimento de ações que possam contribuir para uma mudança de comportamento no trânsito e para a redução de número de acidentes", afirma a coordenadora da pesquisa e pedagoga especialista em trânsito, Nereide Tolentino.
Para 88% dos entrevistados, o jovem dirige mais depressa do que os demais motoristas. Segundo 57%, a desatenção e a imprudência são responsáveis pelos acidentes. A estudante Idamara Lobo Dias sabe bem o que é isso. Com 22 anos, já se envolveu em três acidentes de trânsito. Em nenhum deles era a condutora, mas em todos o veículo era conduzido por pessoas da mesma idade dela.
Aos 17 anos, andava de moto com uma prima que acabara de tirar a carteira de habilitação. A falta de experiência fez com que, ao desviar de um pedestre, as duas caíssem no chão. Aos 18 anos, a falta de atenção de uma amiga, que conduzia o carro em que ela estava, provocou um engavetamento. "Não deu tempo de frear e ela bateu no carro da frente", conta. Aos 19 anos, Idamara teve a pior entre as três experiências: um amigo com a mesma idade avançou o sinal vermelho e bateu em outro carro. "Eu machuquei apenas o joelho, mas no outro carro havia duas crianças que se machucaram", lembra com tristeza. Como se não bastasse, Idamara perdeu um primo de 26 anos que se acidentou na BR-116 ao dirigir alcoolizado em 2002. Por isso ela é taxativa: "Os jovens não respeitam os limites".
Segundo a pesquisa, 39% dos entrevistados acreditam que a adrenalina é o que impulsiona o comportamento de risco. Outros 30% acreditam que é a bebida. Para 86% dos entrevistados, a situação se agrava quando o jovem está em grupo, com dois ou mais amigos.
Outro dado preocupante é que, entre os que dirigem, 42% não têm habilitação, sendo que 12% são, ainda, menores de idade. Os pais são peça importante nesse quebra-cabeça, já que 60% dos jovens que dirigem sem ter habilitação dizem ter aprendido com os seus responsáveis legais. "A anuência dos pais nessa situação ilegal é preocupante", afirma Nereide.



