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O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams: “Refazer a prova [inteira] representa prejuízo claro para 3,4 milhões de estudantes” | Renato Araújo/ABr
O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams: “Refazer a prova [inteira] representa prejuízo claro para 3,4 milhões de estudantes”| Foto: Renato Araújo/ABr

Opiniões na web

Veja alguns comentários sobre o Enem enviados pelos internautas no portal da Gazeta do Povo:

"Como já é o segundo ano consecutivo em que ocorrem problemas nesta prova, tudo nos leva a crer que em um país com tamanha dimensão territorial faltam recursos e competência dos órgãos organizadores do concurso e nós, estudantes, é que arcamos com as consequências."

Bruna Lampe Zielinski

"Com essa confusão das provas amarelas todos foram prejudicados, afinal de cinco em cinco minutos entrava alguém na sala passando novas orientações e atrapalhando a concentração de todos."

Denise Rodrigues Cação

"Acredito que o ministro deveria assumir o erro no Enem, anular a prova e não classificar o caso como uma simples ‘falha humana’. Até porque a ‘falha’ está custando milhões aos cofres públicos, sem falar no prejuízo emocional dos estudantes, que já têm muito com o que se preocupar."

Paola Sayuri

Artigo

Erros de logística não podem comprometer o exame

Luiz Octavio Stocco

Desde a primeira vez em que foi implantado, o sistema TRI (Teoria da Resposta ao Item) no Exame Nacional do Ensino Médio demonstrou que teríamos uma nova tecnologia no sistema de avaliação da educação no Brasil. De 2008 para cá, sentimos o grande salto que foi dado, quando a prova aumentou de 63 para 180 questões, dando condições para que fossem avaliadas outras habilidades do estudante que está concluindo o ensino médio.

No entanto, o episódio ocorrido no ano passado colocou em dúvida a credibilidade do maior exame já feito neste país. Este ano, nos deparamos novamente com a angústia de milhões de estudantes que ainda não sabem se, depois de um longo período de preparação, terão anulada a prova que deve servir, em alguns casos, como único passaporte para a entrada no ensino superior, como é o caso da UTFPR, aqui no Paraná.

O princípio da isonomia disposto na Constituição Federal nos serve neste momento como referência para buscar condições de igualdade a todos os estudantes: aos que enfrentaram provas defeituosas, gabaritos com títulos invertidos ou outras dificuldades que influenciaram no processo avaliativo, e também àqueles que, mesmo não estando envolvidos diretamente nestes problemas, podem sofrer as consequências das decisões que forem tomadas diante da falha ocorrida.

O Enem é uma verdadeira ma­­ratona para o estudante. Uma prova extensa que tem o objetivo de oferecer uma avaliação global, exigindo do aluno lógica, leitura, interpretação e capacidade de correlacionar o aprendizado com questões do cotidiano. Uma oportunidade perfeita para imprimir conceitos democráticos de acesso ao ensino superior. Diante disso, não se pode permitir que, por conta de falhas de ordem logística, o exame que serve de referência pa­­ra universidades importantes do país e indica outras possibilidades de ingresso do estudante a um cur­­so superior seja comprometido.

A Justiça brasileira, em diálogo com o Ministério da Educação, primando pela igualdade e legitimidade, deve apontar nos próximos dias a decisão sobre a anulação ou não do exame. O que não se pode esquecer é que boa parte dos estudantes que participaram do Enem enfrentará provas de vestibulares nas próximas semanas, por isso, o foco no equilíbrio emocional é fundamental. Tendo em vista o vestibular da UFPR, no qual a nota do Enem comporá 10% da pontuação final, o candidato deve manter a qualidade da preparação para os 90% da nota que ainda precisam ser conquistados.

Luiz Octavio Stocco, professor e diretor do curso Dom Bosco

Depois de suspender o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em todo país, a Justiça Federal do Ceará proibiu ontem a divulgação do gabarito das provas aplicadas no último fim de semana. Com a decisão, o Ministério da Educação (MEC) também fica impedido de disponibilizar o formulário para os alunos que responderam incorretamente o gabarito, que estava com o cabeçalho invertido. O acesso ao formulário seria aberto hoje.

"A eventual divulgação do gabarito poderá acarretar acirrados ânimos entre os candidatos eventualmente aprovados e aqueles que não obtiveram resultado exitoso", justificou a juíza Karla de Almeida Miranda Maia, da 7.ª Vara Federal do Ceará.

Os problemas no Enem foram maiores no primeiro dia de prova, sábado, quando parte dos exemplares saiu com folhas repetidas ou erradas. Havia erro também no cabeçalho da folha de respostas. Houve ainda outros problemas, como uso de celular durante a prova e liberação de lápis e relógio (itens proibidos) em parte das salas.

O advogado-geral da União, Luís Inácio Lucena Adams, confirmou ontem que o governo vai recorrer da suspensão do Enem por meio de um agravo regimental (pedido de reconsideração da decisão judicial), que será encaminhado até segunda-feira à juíza e ao Tribunal Regional Federal da 5.ª Região com sede em Recife. O agravo terá dois efeitos: pede que o tribunal casse a decisão ou que a juíza reconsidere a questão. Se a medida não der certo, a União entrará com pedido de suspensão de liminar, outro tipo de recurso.

Adams disse que os cerca de 2 mil estudantes prejudicados por causa dos erros de impressão na prova de sábado têm direito de fazer nova avaliação, com o mesmo grau de dificuldade da anterior. "A decisão de refazer a prova [inteira] representa prejuízo claro para 3,4 milhões de estudantes", disse o advogado-geral.

O ministro Fernando Haddad, da Educação, voltou a dizer que não há necessidade de aplicar a prova de sábado a todos os alunos. "Não há razão objetiva e técnica para cancelar a prova de sábado", disse. Segundo ele, a tecnologia hoje disponível permite assegurar o mesmo grau de dificuldade em todas as edições do exame, derrubando a tese de que uma nova prova para os prejudicados quebraria o princípio da isonomia.

Haddad negou que o Inep tenha falhado ao não constatar o erro em parte das provas amarelas, com questões a menos ou duplicadas. "O Inep conferiu a matriz, mas não tem condições de conferir 4,6 milhões de provas. A gráfica que imprimiu o Enem é a maior do mundo [a multinacional RR Donnelley], fatura R$ 20 bilhões por ano, e reconheceu que um lote de 21 mil provas saiu com erro de impressão", afirmou. O ministro também disse que não é comparável o que ocorreu no Enem deste ano com o problema de 2009, quando o exame precisou ser adiado. "No ano passado houve o furto de uma prova."

Ontem, a Comissão de Edu­­cação do Senado aprovou requerimento para convocar Haddad a fim de que ele dê explicações sobre as falhas ocorridas no último final de semana. Após encontro reservado com o ministro, o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, defendeu que o MEC tenha mais "controle" e "rigor" na aplicação do exame. E afirmou que uma comissão da OAB vai analisar os argumentos do MEC para se posicionar sobre a anulação parcial da prova de sábado.

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