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Justiça

Juízes pedem concurso para Defensoria no PR

Organização Jurídica de Apoio ao Cidadão quer que cargo de advogado público seja transformado em carreira no estado

Para Denise Frossard, Defensoria não pode se esconder atrás de uma “maquiagem” | Divulgação
Para Denise Frossard, Defensoria não pode se esconder atrás de uma “maquiagem” (Foto: Divulgação)

A Organização Jurídica de Apoio ao Cidadão (Ojac) vai lançar um manifesto, na semana que vem, para que o cargo de defensor público se transforme em uma carreira concursada no Paraná. Na opinião da Ojac, a forma de atuação da instituição é falha e desrespeita os princípios básicos da Constituição Brasileira de 1988. A idéia do manifesto nasceu no 1º Fórum Ojac de Direitos Humanos e Defensoria Pública no Paraná, realizado na terça-feira, com a participação de especialistas e juízes, entre eles Denise Frossard, juíza aposentada do Rio de Janeiro.

Atualmente, a Defensoria Pública estadual conta com apenas 48 advogados, "emprestados" por outras secretarias. Na prática, não existem defensores públicos no Paraná. Para a presidente da Ojac, Solange Aparecida de Souza, a regulamentação do órgão seria o início da transformação. "É uma situação crítica. Existem 15 mil ações em andamento no estado. E o número de advogados é pequeno", diz.

De acordo com a Constituição, é obrigação do estado oferecer assistência jurídica gratuita a quem não tem recursos. "As pessoas menos favorecidas ficam sem ter o seu direito exercido, porque não há o cumprimento da lei. A atuação dos Núcleos de Prática Jurídica das faculdades diminui o desespero das pessoas", afirma Solange.

Para a juíza aposentada da Justiça Estadual do Rio de Janeiro Denise Frossard, a Defensoria Pública não pode se esconder atrás de uma "maquiagem". "Ela não é só um órgão. É a defesa efetiva do cidadão. Por esse motivo a Constituição diz que se trata da defesa mais ampla. É a maneira que se encontrou para dar atenção a esse problema, que é muito grande na sociedade", opina.

Ela também entende que a falta de uma defensoria estruturada atrasa o andamento dos processos judiciais. "Caso não haja advogado, é necessário nomear alguém para exercer a função. Além de julgar, o juiz precisa buscar esse defensor", diz.

A reportagem tentou entrar em contato com a Secretaria Estadual de Justiça para comentar o caso. Não foi atendida e não recebeu retorno das ligações.

Mau desempenho

Em 28 de julho, a Gazeta do Povo informou as falhas estruturais da Defensoria. Segundo dados da Associação Nacional dos Defensores Públicos, o Paraná tem o pior desempenho entre os cinco estados que enviaram seus dados à instituição. O Rio de Janeiro, considerado modelo na questão, apresenta 634 defensores, totalizando 4,1 advogados a cada 100 mil habitantes.

O problema paranaense se evidencia numa comparação com o Rio Grande do Sul, estado com população semelhante. Enquanto os gaúchos têm 319 defensores – três a cada 100 mil habitantes –, o Paraná, com seus 48 advogados, alcança a média de 0,5 a cada 100 mil.

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