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O jornalista Antonio Marcos Pimenta Neves foi condenado a pagar indenização de R$ 166 mil aos pais de sua ex-namorada, a também jornalista Sandra Gomide, pelo assassinato da filha deles, em 20 de agosto de 2000. A decisão é da juíza Mariella Ferraz de Arruda Nogueira, da 39ª Vara Cível de São Paulo. Porém, cabe recurso.

Na ação indenizatória, o advogado Fábio Barbalho Leite pede R$ 300 mil de indenização para os pais de Sandra, João Florentino Gomide e Leonilda Paziam Florentino - R$ 150 mil a cada um -, a título de danos morais e materiais. A alegação é que a casal teve muitos gastos com tratamentos de saúde após a morte da filha.

A defesa de Pimenta contestou. O jornalista se declarou vítima também, alegando ter sofrido abalo psicológico por ter sua vida e imagem atacadas. Afirmou ainda que a dor não pode ser mensurada economicamente e negou, como disse a família de Sandra, que teria boa condição econômica. Ele pediu a suspensão do processo.

Dor e frustração

Em sua decisão, a juíza entendeu que a apuração da responsabilidade civil por crime não depende de prévio julgamento e apuração de culpa.

"Não é preciso ser pai ou mãe para conceber o grau de afronta pela abreviação do tempo de vida de um filho. A morte de um filho, antes da dos pais, é fato antinatural. Quando esse ciclo é rompido, a conseqüência instantânea é de resistência, que encontra seu ninho nos mais variados sentimentos: dor, angústia, frustração, revolta, insatisfação, busca de vingança. Em se tratando de morte provocada, acrescenta-se ao rol de reações a busca de reparação. É uma das formas que as famílias encontram para minimizar seus sofrimentos", disse a juíza.

Família recebe a decisão com indiferença

A família de Sandra Gomide recebeu com indiferença a decisão da Justiça.

- O cidadão brasileiro é tratado de forma falsa neste país. As pessoas falam que todos têm direitos iguais, mas isso é mentira. A Justiça existe somente para uma minoria, que tem poder. Minha irmã está morta e o criminoso, mesmo confessando a autoria do crime, está em liberdade, advogando tranqüilamente, enquanto amargamos a dor da perda - comenta o irmão de Sandra, Nilton Florentino Gomide.

Um dos grandes temores de Nilton é de que os pais, que tanto lutaram por justiça, morram sem ver o o assassino de sua irmã na cadeia.

- Meu pai está internado, com cirurgia marcada. Ele tem um grave problema no intestino, mas a operação já foi adiada porque o coração dele também está fraco - lamenta o filho.

Segundo Nilton, desde a morte de Sandra sua mãe sofre transtornos bipolares, que vão se agravando com a idade, e outros problemas físicos.

- Ele perdeu a vontade de viver e já não pode nem mais andar.

Os advogados de Pimenta Neves foram procurados para comentar a decisão judicial, mas não retornaram a ligação.Crime foi premeditado

Antonio Marcos Pimenta Neves matou Sandra Gomide com dois tiros - um na nuca e outro nas costas -, no haras Setti, em Ibiúna, a 70 quilômetros da capital. Na época, ele tinha 63 anos e ela, 32. Sandra havia manifestado a intenção de terminar o relacionamento de três anos e meio com ele.

Réu confesso, Pimenta chegou a ser preso preventivamente, por sete meses. Em maio de 2006, foi condenado a 19 anos e dois meses de prisão. No mesmo ano, o Tribunal de Justiça reduziu a pena para 18 anos e determinou a prisão do réu, porém, ele conseguiu habeas corpus para continuar em liberdade até a decisão definitiva.

Em setembro deste ano, a 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça decidiu que ele deve cumprir pena de 15 anos.

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