Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
crise na educação

Justiça decide pelo fim da greve

Decisão não fala em ilegalidade do movimento, mas que, com base nos avanços das negociações, as aulas devem voltar

Mais de 20 mil professores lotaram a Vila Capanema, em Curitiba, e decidiram pela manutenção da greve, ontem. Horas depois, a Justiça decretou a volta imediata da categoria às salas de aula. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Mais de 20 mil professores lotaram a Vila Capanema, em Curitiba, e decidiram pela manutenção da greve, ontem. Horas depois, a Justiça decretou a volta imediata da categoria às salas de aula. (Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo)

O fato de eles terem marcado uma assembleia uma semana depois da negociação demonstra que deixou-se a pauta reivindicatória para se assumir uma pauta política.

Eduardo Sciarra, chefe da Casa Civil.

O desembargador Luiz Mateus de Lima, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), determinou nessa quarta-feira (4) o retorno imediato das aulas nas escolas estaduais, sob pena de multa diária de R$ 20 mil. A liminar do magistrado foi concedida dentro de uma ação declaratória de abusividade do governo do Paraná na tentativa de acabar com a greve iniciada no último dia 9 e horas depois de uma grande assembleia da categoria decidir pela manutenção da paralisação.

Na decisão, Lima sustenta que não há ilegalidade na mobilização, mas reforça que o sindicato que representa a categoria teria conseguido avançar nas negociações com o governo do estado. “De maneira alguma digo que as reivindicações não são dignas ou justas. Todavia, o que não me parece justo e legal, no caso, é comprometer toda a sociedade, maior afetada nesse momento”, diz trecho do despacho. Ele argumenta que “é inegável que houve alguns avanços nas negociações”.

Além de determinar o retorno às aulas, o magistrado proíbe os grevistas de “limitarem os acessos às dependências de órgãos públicos estaduais ou de impedirem outros servidores de trabalhar”. Ainda segundo ele, o uso de força policial está autorizado, “caso necessário”.

O presidente do sindicato dos professores, a APP Sindicato, Hermes Leão, criticou a decisão. “O Poder Judiciário está cego para as demandas da população. Como é que uma decisão dessas acontece no mesmo dia que conseguimos reunir mais de 20 mil pessoas numa assembleia? Isso é autoritarismo. Nós queríamos que o Judiciário atuasse como mediador do conflito”, declarou. Até a noite dessa quarta-feira (4), o sindicato não havia sido notificado oficialmente sobre a decisão. Leão antecipou, contudo, que o sindicato vai entrar com um recurso.

Apesar da possibilidade de recurso, o secretário de Educação, Fernando Xavier Ferreira, disse que a previsão é de que as aulas sejam retomadas até a semana que vem. “O calendário escolar certamente vai ser prejudicado, mas ainda não temos uma definição sobre como será feita a reposição das aulas”, disse Ferreira. “A recomendação aos pais para os próximos dias é que busquem informações sobre as escolas dos seus filhos”, avisou.

Para o secretário-chefe da Casa Civil, Eduardo Sciarra, o sindicato não tem motivos para continuar com a greve. “A pauta está concluída e a negociação está esgotada. O fato de eles terem marcado uma assembleia apenas uma semana depois da reunião de negociação demonstra que deixou-se a pauta reivindicatória para se assumir uma pauta política”, disparou.

Para a APP Sindicato, a greve tem o apoio de professores, pais e alunos. “Não fazemos greve para derrubar governos. Nenhum sindicato conseguiria manter uma greve dessa dimensão sem o apoio da categoria”, afirmou.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.