A Justiça do Rio Grande do Sul determinou que a Polícia Civil do Paraná afaste das funções dois delegados e um investigador do Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial (Tigre), unidade especializada no combate a sequestros. A decisão é da juíza Eda Salete Zanatta de Miranda, da 1ª Vara Criminal de Gravataí. Segundo a juiza, os policiais poderiam manipular as informações prestadas à Justiça sobre o caso do sequestro do agricultor Lírio Persch, que acabou morto em dezembro do ano passado.
A decisão vale para os delegados Danilo Zarlenga Crispim e Renato Bastos Figueiroa; e para o investigador Fábio Lacerda Gusmão. A decisão judicial atendeu um pedido do Ministério Público de Gravataí, que denunciou 12 pessoas no último dia 23, envolvidas no sequestro do agricultor paranaense.
A Polícia Civil do Paraná informou, através da assessoria de imprensa, que não havia sido comunicada oficialmente da decisão até às 18 horas desta terça-feira (17) e que somente comentaria o afastamento após receber a notificação.
Isenção
O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) divulgou que a magistrada determinou o afastamento porque a permanência dos policiais nos cargos "estaria prejudicando a isenção das diligências realizadas, colocando em risco a busca da verdade real." A própria juíza afirmou em seu despacho que "os denunciados podem estar se valendo da máquina estatal, em virtude da função pública que exercem, podendo prejudicar a instrução processual se mantidos em seus atuais cargos."
Além dos três paranaenses, o MP denunciou o delegado gaúcho Leonel Carivali, da 1.ª Delegacia Regional Metropolitana, sediada em Gravataí. Ele partido da arma dele o tiro que matou o agricultor quando o cativeiro foi encontrado pela polícia, segundo a perícia realizada no local.
O delegado sustenta que disparou por ter ouvido barulho de estampidos no momento em que invadiam o cativeiro do agricultor. Por isso, ele alega que o tiro foi em legítima defesa,
Os outros oito denunciados pelo promotor formavam uma quadrilha organizada para realizar sequestros no Rio Grande do Sul, atraindo vítimas do Paraná, com o pretexto de falsa venda de máquinas agrícolas. Elas foram denunciadas pela prática dos crimes de "formação de quadrilha armada e extorsão mediante sequestro com resultado morte".



