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Morte de estudantes

Justiça ouve testemunhas de crime neonazista

Os cinco acusados pela morte dos estudantes Bernardo Pedroso e Renata Ferreira, em abril do ano passado, acompanharam os depoimentos

Vilma Waechter e Amadeu Ferreira Junior, pais de Renata: revolta e medo de perseguição por parte do grupo neonazista | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Vilma Waechter e Amadeu Ferreira Junior, pais de Renata: revolta e medo de perseguição por parte do grupo neonazista (Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)

Três testemunhas de acusação e nove de defesa foram ouvidas ontem, no Fórum de Campina Grande do Sul, na região metropolitana de Curitiba, na primeira audiência de instrução do caso dos estudantes Bernardo Dayrell Pedroso, 24 anos, e Renata Waet­cher Ferreira, 21 anos, encontrados mortos no dia 21 de abril do ano passado na BR-476, no município de Quatro Barras. Eles fa­ziam parte de um grupo neonazista e foram mortos com tiros na cabeça quando participavam de uma festa em comemoração pelo aniversário do ditador alemão Adolf Hitler (1889-1945).De acordo com as investigações do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), da Polícia Civil, e a denúncia oferecida pelo promotor Octacílio Sacerdote Filho, o casal teria sido vítima de uma emboscada arquitetada pelo economista paulista Ricardo Barollo e executada por outras cinco pessoas: Rosana Almeida, Jairo Maciel Fischer, Gustavo Wendler, Rodri­go Motta e João Guilherme Correa. O motivo seria uma disputa interna no grupo, que tem ramificações em São Paulo e na Região Sul.

A juíza de Campina Grande do Sul, Paula Priscila Candeo Haddad Figueira, não permitiu que a reportagem da Gazeta do Povo acompanhasse a audiência por causa da dificuldade de espaço físico da sala do fórum. Barollo foi representado por três advogados. Um dos acusados, João Guilherme Correa, alegou que estava doente e não compareceu.

Pela manhã foram ouvidas três testemunhas de acusação, incluindo um jovem que chegou a guardar as armas do crime em casa e que teria sido ameaçado por Barollo. Outras três foram dispensadas pela promotoria. À tarde, cinco testemunhas de defesa foram ouvidas. Segundo Octacílio Sacerdote Filho, outras seis testemunhas de defesa, entre elas três de Barollo, faltaram e serão ouvidas na audiência marcada para o dia 9 de julho, na Câmara Muni­cipal de Campina Grande do Sul. Após esses depoimentos e de outros por carta precatória, os acusados serão ouvidos. Só depois disso a juíza decidirá se manda ou não o caso a júri popular. O julgamento não deverá ocorrer neste ano.

Medo e revolta

Os pais de Renata, Vilma Waechter e Amadeu Ferreira Junior, estiveram pela manhã em frente ao Fórum de Campina Grande. Eles se disseram indignados com a permanência dos acusados em liberdade. Com medo de alguma represália, chegaram a se mudar. "Se fizeram isso com minha filha, podem fazer com o resto da minha família. Tenho medo, mas tenho de desabafar", disse Ferreira. Com faixas penduradas no carro e nos portões do fórum, ele segurou fotos da filha e cobrou os acusados pelo crime à medida que passavam. A maioria evitou contato. O único que passou pela família foi Barollo, acompanhado dos advogados. A família de Pedroso, de Minas Gerais, não compareceu.

Bernardo e Renata participavam de um churrasco em uma chácara e teriam sido atraídos para fora por Rosana, que afirmou estar passando mal e pediu para voltar para Curitiba. Quando retornavam para a festa, Wendler, que também estava no carro, teria pedido que parassem no acostamento. Correa, Motta e Fischer, que os seguiam em outro veículo, teriam obrigado o casal a descer do carro. Os tiros que mataram os estudantes teriam sido disparados por Correa e Fischer.

Logo após o crime, os acusados teriam ligado para Barollo, que estava em São Paulo, afirmando que a "missão" havia sido cumprida. A gravação dessa ligação é uma das provas que a acusação deverá apresentar no julgamento. Se condenados, os acusados podem pegar de 24 a 60 anos de prisão, por duplo homicídio qualificado.

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