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“O modo como a lei está sendo aplicada é errado e não vai dar certo. Fere o direito de ir e vir.” Juarez Lima, turista carioca (de preto), que teve de fumar no estacionamento de um restaurante em Foz do Iguaçu | Christian Rizzi/Gazeta do Povo
“O modo como a lei está sendo aplicada é errado e não vai dar certo. Fere o direito de ir e vir.” Juarez Lima, turista carioca (de preto), que teve de fumar no estacionamento de um restaurante em Foz do Iguaçu| Foto: Christian Rizzi/Gazeta do Povo

Truques

Banheiro feminino vira fumódromo

Katia Brembatti, da sucursal

As oito equipes da Vigilância Sanitária Municipal de Ponta Grossa não conseguiram flagrar até agora nenhum infrator. "Tanto os clientes quanto os proprietários de casas noturnas e bares receberam muito bem a lei. Não tivemos problema nenhum", diz o gerente da Vigilância, Joselito Pinheiro da Costa Júnior. Na maioria das vezes, sem qualquer interferência alheia, o fumante se levanta e vai para fora fumar.

Tirar os cinzeiros das mesas foi a primeira medida antifumo adotada pelo gerente de uma lanchonete que tem mesas de sinuca, pistas de boliche e área de karaokê. "É para nem despertar a vontade", conta Jair Domingos Pagliari. O resultado é uma aglomeração de gente na porta do estabelecimento. Para controlar quem sai da lanchonete para fumar, os seguranças redobraram a atenção. "Em geral, o pessoal aceitou bem. Alguns acendem o cigarro aqui dentro, mas não fazem isso por desobediência. É apenas um ato automático, a que estavam acostumados. Mas é só a gente pedir pra apagar que já comentam que tinham se esquecido da proibição", relata.

Para surpresa do gerente, quem tentou desafiar as novas regras foram as mulheres. "Só tivemos problemas com elas, fumando no banheiro feminino", diz. Pagliari afirma que o consumo de bebidas e a frequência de clientes diminuíram muito pouco. "A gente esperava um baque maior", reconhece. Ele enfatiza que os não-fumantes não cansam de comentar o alívio com o fim da fumaça e que, mesmo não permitido pela lei, os fumantes insistem em pedir fumódromos.

Quinze dias depois de ter entrado em vigor, a lei estadual antifumo não barrou o uso de cigarros em bares e lanchonetes do Paraná. Em algumas cidades do interior, fumantes ainda são vistos tragando livremente na calçada ou no interior dos estabelecimentos.

Em Foz do Iguaçu, a reportagem da Gazeta do Povo não teve dificuldades para encontrar clientes fumando em locais públicos no fim da tarde de ontem, tanto no centro da cidade quanto nos bairros. O desrespeito à lei é mais comum em bares e botecos de pequeno porte.

Os proprietários dos estabelecimentos dizem que constantemente precisam abordar os clientes e entregar panfletos para alertá-los sobre a lei. "Os clientes andam reclamando e nós pedimos para os garçons explicarem", diz o proprietário de um restaurante de Foz do Iguaçu, Rodrigo Machota. O turista carioca Juarez Lima, 38 anos, teve de fumar no estacionamento do restaurante ontem para respeitar a lei. "Eu não sou contra a ideia, mas o modo como a lei está sendo aplicada é errado e não vai dar certo. Fere o direito de ir e vir. Estão usando a lei para fins políticos", diz. Para Lima, seria preciso criar mesas à parte para fumantes.

O chefe de Vigilância em Saúde da 9.ª Regional de Saúde de Foz do Iguaçu, Erotildes Batista, diz que a fiscalização está em andamento, mas como a lei é recente ainda há dificuldades de aceitação. O efetivo da Vigilância Sanitária também não consegue suprir a de­­manda. Até agora não foram registradas multas ou intimações em Foz do Iguaçu.

Em Umuarama, os órgãos de fiscalização da lei antifumo contam com a conscientização dos fu­­mantes, mas o resultado é tímido e muitas pessoas ainda continuam usando o cigarro em bares e lanchonetes, principalmente naquelas que atendem clientes nas calçadas. Para o empresário e proprietário de uma lanchonete situada no centro da cidade, Vicente Russi, na área fechada é fácil controlar, mas no ambiente externo ainda é complicado reprimir o fumo. Para ele, a lei vai depender mais da consciência do próprio fumante que da fiscalização. "É como a lei seca; no começo houve fiscalização e advertência, mas logo caiu no esquecimento", diz.

Denúncias

Outro empresário do ramo, José Rafael Filho, diz que no seu estabelecimento os fiscais ainda não apareceram e os fumantes continuam como antes da lei: fumam na calçada mesmo quando há outros clientes por perto. A chefe da Vigilância em Saúde do município, Renata Petito, afirma que a fiscalização está percorrendo os estabelecimentos para fazer cumprir as leis estadual e municipal, mas admite que nenhuma multa foi aplicada até agora. Ela adiantou que a prefeitura vai oferecer um telefone para denúncias, o 199, o mesmo usado no plantão da Guarda Municipal.

Em Maringá, antes mesmo de a lei estadual ter entrado em vigor, já havia uma lei municipal que restringia a utilização do tabaco em locais fechados de uso coletivo desde 2006. Neste fim de semana, a equipe de reportagem esteve em alguns pontos da cidade e não flagrou fumantes dentro dos estabelecimentos. Quem ainda fazia questão de acender um cigarro utilizava as áreas externas de bares e casas noturnas. Em novembro deste ano, os vereadores da Câmara Municipal de Maringá também aprovaram a proibição do uso do narguilé em bares, lanchonetes, restaurantes, casas noturnas da cidade.

A Lei estadual antifumo, n.º 16.239, entrou em vigor no dia 29 de novembro. Nesta data equi­­­pes da Vigilância Sanitária de todo o estado percorreram bares e ambientes fechado para orientar os fumantes e proprietários de estabelecimentos quanto à proibição. Os proprietários de estabelecimentos que desrespeitarem a lei estão sujeitos a multa de 100 Unidades Padrão Fiscais (UPF) do Paraná, o equivalente a cerca de R$ 5,8 mil. Em caso de reincidência, o valor é dobrado.

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