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Pesquisas com crianças devem parar

Dino decide manter resolução do CFM que proíbe transição de gênero antes dos 18 anos

CFM trans resolução Antra
Resolução do CFM impede experimentos com crianças e determina a idade mínima de 21 anos para cirurgias de redesignação sexual. (Foto: Bigstock/WoodysPhotos)

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O ministro Flávio Dino do Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou decisão da Justiça Federal do Acre e voltou a tornar válida a Resolução 2.427/2025 do Conselho Federal de Medicina (CFM) que regulamenta a atendimento de saúde a pessoas transgênero no Brasil. A determinação foi publicada nesta quinta-feira (2). 

A decisão de Dino vale enquanto não for julgada em plenário ação movida pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) e pelo Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (Ibrat) que tenta suspender a Resolução do CFM por considerá-la “transfóbica”.  

A norma aumentou de 16 anos para 18 anos a idade mínima para a permissão de uso de bloqueadores hormonais. O texto também definiu a idade mínima de 21 anos para cirurgias de redesignação sexual (“mudança de sexo”, na linguagem popular) – a resolução anterior permitia o procedimento aos 18 anos. 

A resolução revogou ainda documento anterior que permitia o bloqueio hormonal em crianças e adolescentes “em caráter experimental em protocolos de pesquisa”. Ou seja, experimentos com crianças que ocorrem hoje no Brasil, como as realizadas no Ambulatório de Transtorno de Identidade de Gênero e Orientação Sexual (Amtigos), do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, devem ser descontinuados.  

O documento reforça também que pessoas trans com órgãos sexuais femininos sejam tratadas por ginecologistas, enquanto as que possuam órgãos sexuais masculinos sejam encaminhadas a urologistas.  

Riscos para crianças e adolescentes 

Em artigo publicado na revista Nature, médicos do CFM explicam que as principais revisões científicas recentes apontam baixo nível de qualidade nas pesquisas que indicam o uso de bloqueadores hormonais, principalmente em crianças e adolescentes. Os médicos citam, por exemplo, o Cass Review, uma revisão independente dos serviços de identidade de gênero para crianças e jovens no Reino Unido. 

Quanto à restrição de pesquisas envolvendo bloqueadores de puberdade em adolescentes transgêneros, os médicos lembram que “os ensaios clínicos envolvendo crianças exigem um padrão muito elevado de justificação ética e científica”. Eles citam ainda que as pesquisas realizadas no Brasil com crianças não resultaram em nenhum estudo publicado oficialmente.  

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