O meteorologista Fernando Mendes, do Instituto Meteorológico Simepar, explica que, ao contrário das chuvas de verão "normais", a nuvem estacionou sobre o litoral de Santa Catarina e o Vale do Itajaí, tornando-se uma frente semi-estacionária (que praticamente não se movimenta) e precipitando constantemente sobre a região. "A inércia do sistema contribuiu para que as chuvas fossem persistentes ao longo de quase 72 horas", diz.
Mendes afirma que havia um sistema de alta pressão na retaguarda da frente, captando a umidade da Região Sudeste. O fato de a água do oceano estar pouco mais aquecida do que a terra e os ventos baterem em direção ao continente colaboraram para o fenômeno. "Uma incursão de umidade se criava no oceano e contribuía para a manutenção da nuvem em seu lugar", diz.
A professora Maria Lúcia de Paula Herrmann, do Departamento de Geociências da UFSC, revela que, somente em novembro, o índice de chuvas da região foi praticamente a metade de todo o ano. "Foram 800 mílimetros no mês, quando a média é de 120. No ano, chove-se, geralmente, 1.600 milímetros. Somente no sábado e no domingo, foram 500 milímetros", diz. "Essa é uma análise inicial. Esse evento será certamente mais estudado", completa Fernando Mendes. (VB)
