São Paulo O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou ontem luto oficial de três dias pela morte do publisher da Folha de São Paulo, Octavio Frias de Oliveira, morto no domingo, aos 94 anos. Em todo o país, até amanhã, a bandeira brasileira terá de ficar a meio-mastro, em repartições públicas, estabelecimentos de ensino e sindicatos.
A decretação de luto oficial é uma prerrogativa do presidente da República "em face de notáveis e relevantes serviços prestados ao país'' pela personalidade morta. Em seu governo, por exemplo, Lula decretou luto oficial nas mortes do empresário e jornalista Roberto Marinho, dos ex-governadores de Leonel Brizola e Miguel Arraes e do papa João Paulo II.
Lula desmarcou parte de sua agenda de ontem para comparecer ao enterro do corpo de Frias. Também estiveram presentes o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador de São Paulo, José Serra; o prefeito da cidade, Gilberto Kassab, além de ministros e outras autoridades.
Protagonista da modernização da mídia brasileira na segunda metade do século, Frias pertenceu a uma geração de empreendedores pioneiros da área de comunicação no Brasil.
Em novembro, como decorrência de uma queda doméstica, o empresário foi submetido a cirurgia para remoção de hematoma craniano.
Suas condições clínicas pioraram nas últimas semanas, levando à instalação de um quadro de insuficiência renal grave. Ele estava inconsciente havia dois dias. Seu coração deixou de bater às 15h25.
Elogios
Quatro gerações de jornalistas e alguns dos principais empresários de mídia do país comparecem ao enterro de Frias. Passaram pelo cemitério Gethsêmani, entre outros, João Roberto Marinho, das Organizações Globo; Ruy Mesquita, do Grupo Estado; Elio Gaspari, Boris Casoy, Joelmir Beting, Lílian Wite-Fibe, Luis Nassif e Alberto Dines.
João Roberto ressaltou o que considera ser a principal contribuição de Frias de Oliveira para a história do jornalismo brasileiro: "Ele foi um grande reformista na imprensa e deixou lições para todos nós'', disse.
Ruy Mesquita destacou a visão empresarial de Frias de Oliveira: "Um grande empreendedor que transformou um jornal inexpressivo e decadente num dos maiores jornais do país''.
Qualidade
Ricardo Gandour, diretor de informação de O Estado de S. Paulo', disse que admirava as escolhas feitas pelo empresário: "Ele era de outro ramo, mas fez tudo para construir um jornalismo de qualidade. Foi um defensor do jornalismo de qualidade, fundamento do que há de melhor no jornalismo''.
Roberto Dualibi, sócio-diretor da DPZ, afirmou que Frias de Oliveira sempre prestigiou os publicitários e as agências de publicidade: "Ele levava a sério a recomendação de Henry Luce, o fundador da Time: "Se você fizer um veículo de comunicação pensando no anunciante, perderá os leitores e os anunciantes. Se fizer o jornal pensando no leitor, ganhará leitores e anunciantes'''.



