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Governo

Lula fala em reforma trabalhista, sem tirar direitos

Presidente quer promover discussão porque políticos, sindicalistas e trabalhadores têm medo de mudanças

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou ontem à "peãozada" e aos "caras" dos sindicatos que vai mesmo iniciar o debate de uma reforma nas leis trabalhistas da Era Vargas. Na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), no Palácio do Planalto, ele também fez coro com segmentos que defendem as reformas política, previdenciária e tributária.

Ele deixou claro, para início de conversa, que não pretende tirar direitos, mas flexibilizar a CLT, de 1943, garantindo contratos especiais a um "exército" de jovens entre 15 e 24 anos.

"Ora, meu Deus do céu, longe de mim querer tirar direito de trabalhador", ressaltou. "Se eu não puder dar, tirar eu não tiro", garantiu. Lula observou que a tecnologia está ocupando um espaço "extraordinário" e o mundo do trabalho mudou desde o decreto 5.452, assinado pelo presidente Getúlio Vargas, da Consolidação das Leis do Trabalho, há mais de 50 anos.

Na avaliação de Lula, o cenário também é diferente daquele dos anos 1970, quando presidia o famoso Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista e liderava as grandes greves. "Quando eu ia a uma fábrica e falava peão, a peãozada delirava", lembrou. "Hoje, se você falar peão, os caras falam: não sou mais peão, eles já fizeram universidade, curso de especialização, estão num outro patamar", completou.

Em dezembro de 1994, o então presidente eleito e senador Fernando Henrique Cardoso se despediu do Senado defendendo o fim da Era Vargas, que, segundo ele, atravancava o desenvolvimento. FH criticou o modelo de Estado intervencionista de Vargas, foi incisivo ao defender as reformas tributária e previdenciária e, cuidadosamente, disse que era preciso proceder a uma revisão das regras relativas ao mercado de trabalho.

Medo

Lula afirmou que todos – políticos, sindicalistas e trabalhadores – têm medo de reformas. Ele chegou a dar exemplos trágicos para falar da necessidade das reformas, comparando os atuais sistemas político, trabalhista, tributário e previdenciário a casas com mofo e banheiro entupido, residências em áreas de risco de desabamento e a "tumores malignos" que não puderam ser removidos no primeiro mandato. "Todo mundo sofrerá algum problema com uma mudança no começo, mas ao longo do tempo essa mudança cria vantagens", disse. "É no debate que a gente descobre se é possível ou não."

O presidente disse ter a impressão de que as pessoas não querem que a reforma tributária, por exemplo, aconteça. No caso da reforma política, ele avalia que a discussão só ganha força quando há algum problema ou em época de eleição. Já em relação à mudança na Previdência ele destacou que sabe com clareza como funciona a cabeça dos dirigentes sindicais – de resistir às mudanças. "Agora, eu quero discutir, quero um espaço para discutir", ressaltou. "Temos que aproveitar o momento político para fazer essas coisas."

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