
Depois de amargar anos de maus-tratos no Líbano, o chimpanzé Omega está no paraíso. O animal, que tem 12 anos, foi trazido para o Instituto Conservacionista Anami, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, na última quinta-feira, após ser encontrado em um zoológico em péssimas condições. Pelos próximos 30 dias, Omega ainda ficará isolado dos demais chimpanzés hospedados no recanto e estará sob tratamento de saúde: ele precisa se livrar do vício do tabaco.
Omega aprendeu a fumar no período em que estava no zoológico libanês. Os visitantes jogavam as bitucas dentro da gaiola onde ele ficava. Até agora, o macaco não apresentou nenhum sinal de abstinência e está se alimentando bem, mas vai precisar de tratamento dentário, segundo a proprietária do Anami, Anita Starostik. "Por causa do cigarro, ele ficou com os dentes amarelos e com tártaro." Caso seja necessário, o chimpanzé poderá usar algum medicamento para se livrar do fumo. Por enquanto, o seu comportamento é considerado normal.
Omega está se alimentando como os outros animais, com um banquete diário que inclui frutas, verduras frescas produzidas no instituto, vitamina de frutas e até mingau com leite e aveia, dado em garrafinhas por Anita. Após o período de isolamento e o tratamento dentário, ele será novamente examinado e deverá se juntar aos outros chimpanzés, em um novo local construído na propriedade, com árvores e brinquedos como cama elástica e balanços.
O fundador do Anami, Milan Starostik, conta que foram contatados pelo Projeto Gap (de Sorocaba, São Paulo) para ver se havia lugar para Omega, descoberto no zoológico do Líbano pelo executivo da ONG Animal Labanon, Jason Meier. Ele viajou em um avião de carga e chegou ao Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) na noite de terça-feira, após meses de burocracia enfrentada pelo Ibama.
Projeto
O Instituto Anami é mantido pelo casal Milan e Anita Starostik, que fundou o local há 35 anos. Não são aceitas doações e o contato é feito apenas com ONGs ativistas de proteção animal. Todos os hóspedes do recanto, com exceção de bichos de criação do casal, foram acolhidos por sofrerem maus-tratos. São 23 chimpanzés a maioria resgatada de um circo de Israel , uma orangotango fêmea, nove macacos-aranha, dois macacos-prego, 20 araras, 12 tucanos e 80 papagaios. O casal também cuida de 12 flamingos e 46 cervos, além de patos, cisnes e galinhas. No local trabalham sete tratadores, cinco chacreiros, dois veterinários e 12 pedreiros para construções e reparos na infraestrutura. As jaulas onde os chimpanzés dormem ficam em um ambiente com calefação e são abertas somente por um sistema informatizado. Anita, que chama todos os animais pelo nome, acredita que o melhor tratamento para Omega será o carinho. "Chimpanzés são tão temperamentais quanto os homens. Precisamos saber lidar com eles."





