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A mãe de Carla Cepollina, a advogada Liliana Prinzivalli, criticou em nota divulgada na tarde desta quinta-feira (10) a decisão da 9ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) de levar a filha dela a júri popular. Carla é acusada da morte do coronel Ubiratan Guimarães, assassinado em setembro de 2006 na capital paulista.

Em outubro de 2008, um juiz de primeira instância decidiu que Carla não iria a julgamento, mas o Ministério Público recorreu. À época, o juiz considerou que não havia indícios suficientes de que ela tivesse cometido o crime, e arquivou o processo. Para o Ministério Público, foi a advogada quem disparou o tiro que matou o coronel. Essa também foi a conclusão da polícia. O assassinato teria sido motivado por ciúmes. Ela sempre negou as acusações.

Para a mãe de Carla Cepollina, no julgamento desta quinta-feira os três desembargadores que compõem a Câmara "partiram para uma linha de conjecturas e fantasias, que causam até constrangimento pela elementariedade da lógica". Os três votaram a favor do recurso da Promotoria e decidiram levar Carla a júri popular. A acusada não esteve na sessão e foi representada por seu advogado, o criminalista Márcio Thomaz Bastos.

Liliana cita em sua nota testemunhos dos vizinhos do prédio que, segundo ela, declararam não ter ouvido nada na noite do crime. A advogada elogiou a decisão anterior do juiz que havia impronunciado Carla Cepollina. Segundo Liliana, o magistrado examinou "minuciosamente" todos os documentos e ouviu as testemunhas, por isso decidiu pelo arquivamento do processo. A advogada afirma que a filha nunca se contradisse em seus depoimentos sobre o caso, "porque a verdade é uma só".

Prova pericial

Os desembargadores Souza Nery, Roberto Midolla e Francisco Bruno, que compõem a 9ª Câmara, decidiram pelo júri popular com base na prova pericial, que indica, segundo análise dos magistrados, que a advogada estava no apartamento no momento da morte do coronel. "Ou tudo conspira contra Carla Cepollina ou indícios sugerem o envolvimento direto dela no caso", afirmou o desembargador Souza Nery.

O defensor da advogada alegou, durante explanação, que sua cliente foi perseguida. "Nada foi investigado, o que se queria era a prova que Carla era culpada", disse. O advogado acrescentou que diversas pessoas teriam motivos para matar o coronel, comandante da invasão do Carandiru em 1992, que terminou com a morte de 111 presos. Ubiratan chegou a ser condenado a 632 anos de prisão, mas foi absolvido pelo órgão especial do Tribunal de Justiça.

"Quantas centenas de pessoas tinham a fantasia de matar o coronel?", questionou Bastos. Ele lembrou que, no ano em que aconteceu a morte, 2006, ocorreram diversos ataques a forças policiais paulistas. O assistente de acusação, Vicente Cascione, criticou a decisão em primeira instância durante sua fala, e ressaltou o trabalho da perícia. "Se a ré não foi a autora do homicídio, foi testemunha ocular da morte. Ela ficou horas dentro do apartamento", afirmou.

Bastos disse, ao fim da sessão, que "houve falhas deploráveis na investigação" do crime. O defensor afirmou que, apesar da derrota da defesa, considera a decisão positiva porque poderá comprovar essas falhas durante o julgamento. "O juiz natural é o júri. No júri temos visão do juiz cidadão", disse. O advogado completou que não teme os jurados. "Fui criado no júri. Tenho mais de 700 júris."

O coronel foi assassinado em seu apartamento na região dos Jardins no dia 9 de setembro de 2006. Segundo a polícia, o coronel morreu com um tiro no abdome disparado por uma de suas armas - um revólver calibre 38 que não foi encontrado no local do crime.

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