São Paulo Vestida de preto, cabelos brancos amarrados e sem conter o choro, a mãe dos irmãos Cravinhos, Nadja Quissak Cravinhos, utilizou termos jurídicos como se tivesse ensaiado cada resposta para sustentar ontem, em plenário, a tese de que Suzane von Richthofen destruiu a vida de seu filho. Em meio a elogios de "dócil, meigo e responsável" para Daniel, Nadja desferiu ataques contra Suzane, a quem responsabilizou "pelo fim de sua vida". Ao falar da relação entre os dois, enquanto namoravam, a mãe dos Cravinhos disse ainda que a garota manipulou o rapaz.
"Uma mulher consegue tudo de um homem. Pode levá-lo ao sucesso, à glória ou à desgraça total. E foi isso que Suzane fez com o meu filho, manipulando e fazendo dele um instrumento para tudo o que aconteceu", disse ela, respondendo a perguntas do advogado de defesa dos Cravinhos, Geraldo Jabur.
Ela fez um apelo aos quatro homens e três mulheres que compõe o conselho de sentença do tribunal do júri que julga seus filhos pelo assassinato do casal Manfred e Marísia von Richthofen. Depois de sustentar a tese de que Daniel matou sozinho os pais de Suzane, Nadja reconheceu que os filhos fizeram "uma coisa muito grave", mas pediu para que cada um dos acusados pagasse apenas pelo que fez.
"Eu sei que eles fizeram uma coisa muito grave, séria. Mas sei que eles estão arrependidos e acredito no poder de decisão dos jurados para que cada um deles pague apenas pelo que fez, e não pelo que não fez", disse ela, espontaneamente, alimentando a nova versão da defesa dos Cravinhos, de que Cristian não ajudou Daniel a dar pauladas no casal, o que os levou à morte.
Em seu depoimento, Daniel disse que Cristian não atacou o casal, ficou "paralisado" perto da janela enquanto apenas ele desferia os golpes. A nova versão desconstrói tudo o que eles mesmos sustentavam até antes do julgamento. Cristian chegou a confessar o crime, participou da reconstituição e até o início dessa semana nunca havia desmentido sua participação no crime.
Enquanto a mãe falava, Daniel e Cristian choravam copiosamente. O choro dos irmãos tem sido freqüente durante o julgamento, que começou na segunda-feira. Já Suzane em nada lembrava a garota indefesa que teria sido manipulada pelo ex-namorado, com quem diz ter perdido a virgindade, apenas para matar os pais e assim viver um grande amor. Suzane ri no plenário. Chega a gargalhar. Ela orienta seus advogados e olha para a testemunha sempre que uma delas diz algo que lhe interessa. Nesse instante, tira o cabelo da frente do rosto, levanta o corpo e joga o pescoço para frente para avistar o seu alvo.



