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Mais dois homens foram detidos na tarde desta sexta-feira (10) e estão sendo averiguados pela polícia por suspeita do envolvimento deles no assassinato do prefeito de Jandira, Braz Paschoalin (PSDB), segundo o delegado Marcos Carneiro, diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro). O crime aconteceu na Rua Antônio Conselheiro, no bairro Santa Tereza, em Jandira, na Grande São Paulo, em frente a uma emissora de rádio.

Antes dessas duas prisões, outros dois suspeitos tinham sido detidos em Itapevi, também na região metropolitana, a dois quilômetros do local do crime, quando tentavam explodir um carro prata, pouco depois das 8h30, segundo a PM. De acordo com Carneiro, foram pedidos exames residuográficos para os quatro suspeitos. Se for confirmado resíduos de pólvora em algum dos suspeitos, a polícia deverá ser pedida a prisão temporária deles. O resultado deve ser divulgado no final desta tarde.

Segundo Carneiro, as investigações sobre as mortes de dois suplentes de vereadores - Waldomiro Moreira de Oliveira e Antonio Ivo Aureliano - de Jandira ocorridas este ano serão transferidas para a Delegacia Seccional de Carapicuíba, na Grande São Paulo, onde funciona o Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa da região. O objetivo é apurar se os assassinatos dos suplentes têm ligação com a do prefeito.

A Polícia Militar informou, inicialmente, que o motorista do prefeito também havia morrido. Mas um delegado confirmou que ele passava por cirurgia na tarde desta sexta-feira no Hospital das Clínicas de São Paulo.

Paschoalin morreu quando chegava à Rádio Astral FM, onde todas as sextas-feiras participava de um programa de entrevistas, no qual ele respondia perguntas de ouvintes. O barulho produzido por cerca de 15 disparos que mataram o prefeito puderam ser ouvidos ao vivo por quem acompanhava a programação da Rádio Astral FM. O presidente da associação que administra a rádio da cidade, Fernando Silva, estava apresentando a última reportagem do jornal, às 7h57, quando se ouviu os tiros. Uma adolescente de 17 anos presenciou o crime e foi ouvida pela polícia.

O prefeito estava acompanhado de Wellington Martins, conhecido como Geleia, que trabalhava como segurança e motorista dele. Ele está internado no Hospital das Clínicas de São Paulo.

Investigações

O delegado Marcelo Prado, da Seccional de Carapicuíba, também na Grande São Paulo, afirmou que não há sinais de que o prefeito tenha sido vítima de uma tentativa de roubo de carro. Para ele, trata-se de uma execução.

Já o capitão Lycurgo de Freitas Henriques Júnior, da Polícia Militar, informou que os dois suspeitos presos em Itapevi – que têm passagem pela polícia por roubo – estavam tentando explodir o veículo prata apreendido. Os dois homens foram detidos a dois quilômetros do local do crime.

"Pelo menos duas armas foram usadas nos disparos [contra o prefeito]. Foram identificados dois tipos de munição – 9 mm e de fuzil 5,5 mm, que tanto pode ser usada por um [fuzil] AR-15 quanto por uma [metralhadora] M-16", informou o capitão Lycurgo.

Segundo ele, os dois suspeitos foram presos a 50 metros do carro, que estava encharcado de gasolina, com o motor ligado. Lycurgo acredita que a dupla iria explodir o veículo, que tinha marcas de tiros. Ao lado do carro havia cápsulas de munição de pistola 9 mm. Ainda segundo o capitão da PM, foram encontrados fios de cabelo dentro do carro prata, que serão comparados com o material coletado dos dois suspeitos. Eles foram encaminhados para a realização de exame residuográfico para verificar a existência de vestígios de pólvora.

Sem ameaças

O caminhoneiro Kleber Lopes da Silva, de 30 anos, sobrinho de Braz Paschoalin, disse que seu tio não recebia ameaças e era uma pessoa querida pela população. "Por onde você andar em Jandira, só falam bem dele. Não há como a gente prever um crime desses. Que eu saiba, ele nunca recebeu ameaças", afirmou Silva. "Inimigo todo mundo tem, mas ele não tinha nenhuma desavença pessoal."

O corpo de Paschoalin será velado no Ginásio Central da cidade, segundo a Prefeitura de Jandira. Ainda não há a confirmação do início do horário do velório. A prefeitura decretou luto oficial por sete dias.

Terceiro mandato

Segundo informações disponíveis no site da Prefeitura de Jandira, Paschoalin estava em seu terceiro mandato como prefeito da cidade. Em 1976, foi eleito vereador, então com 28 anos. Em 1988, foi eleito prefeito pela primeira vez, administrando a cidade de 1989 a 1992. Ele reassumiu o cargo no período entre 1997 e 2000, e foi eleito novamente em 2008, tomando posse em 2009.

Durante o segundo mandato, Pascholin chegou a ser o prefeito com o maior salário do país. Em 2003, ele foi investigado por causa do sumiço de cem cheques da Prefeitura. Os cheques foram feitos em nome de várias pessoas e sacados de uma vez só. As assinaturas que endossaram os cheques eram falsificadas. A mulher do prefeito, Maria Helena, também foi investigada pelo Ministério Público por causa de despesas que o Tribuna de Contas do Estado de São Paulo considerou irregulares.

Em nota, o PSDB lamenta com "profundo pesar e indignação" a morte de Paschoalin, afirmando que ele foi "um exemplo de liderança na região", lutando "pelos avanços de Jandira ao longo de seus três mandatos à frente da prefeitura. Sua morte abrupta é uma perda inestimável para o PSDB e para o estado de São Paulo. As circunstâncias deste crime hediondo devem ser imediatamente apuradas e os culpados devidamente punidos", diz o texto.

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