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Uma manifestação no quilômetro 595 no Contorno Sul, no bairro Cidade Industrial de Curitiba (CIC), bloqueou os dois sentidos da rodovia por 1h30 nesta quinta-feira (8). O ato começou às 10 horas e durou até pouco antes das 11h30. Os manifestantes protestaram contra despejos em vilas da região, além de pedirem a regularização fundiária de casas com pendências e mudanças no programa do governo federal Minha Casa Minha Vida na modalidade entidades.

O trânsito no local teve filas e transtornos durante o ato, conforme informações repassadas pela Polícia Rodoviária Federal.

Paulo Roberto Silva, um dos coordenadores do Movimento Popular por Moradia (MPM) em Curitiba diz que o protesto ocorreu na altura da Vila Sabará, região histórica de atuação dos movimentos de luta por moradia da capital. Nas redondezas, segundo ele, há diversas áreas de ocupação que sofrem com problemas como ameaça de despejo e falta de regularização de títulos. "O que é interessante dessa vez é que conseguimos a unidade dos movimentos de moradia, porque, às vezes, uma vila com alguma ameaça pega e faz um ato pontual. Hoje temos aqui quatro vilas."

Nas contas do MPM, os moradores das vilas Esperança, Nova Conquista, Eldorado e Harmonia levaram mais de 500 pessoas ao ato, que teve início às 10 horas. O grupo gritava palavras de ordem que pediam agilidade da modalidade "entidades", do Minha Casa Minha Vida. Por esse instrumento, famílias organizadas por meio de cooperativas habitacionais, associações e outras entidades sem fins lucrativos, podem ter acesso a financiamentos. Também estão na lista de reivindicações dos manifestantes a regularização fundiária e um projeto de aluguel social.

A proposta básica de um aluguel social é que algumas famílias com baixa renda possam receber auxílio com recursos públicos para poderem ter acesso a moradias enquanto aguardam na fila da habitação popular. Há outras discussões, no entanto, que abrangem outros benefícios ou ônus aos participantes de programas como esse.

Fernando Pena, outro coordenador do MPM, informou que amanhã (9), a partir das 9 h, a Assessoria da Presidência da República vai receber os coordenadores locais para discutir a construção de moradias populares na ocupação Nova Primavera. "Essa é a primeira ação do projeto Minha Casa Minha Vida em Curitiba, mas está demorando", conta Pena. Ao todo, deveriam ser construídos 22 prédios de quatro andares, totalizando 253 unidades.

Outro lado

De acordo com a Cohab, as áreas citadas pelos manifestantes estão em processo de regularização, mas não é algo que ocorre rapidamente. A área pertence à empresa Curitiba S/A, que foi criada à época da implementação da Cidade Industrial de Curitiba. É necessário que sejam resolvidas pendências da documentação de áreas desapropriadas para que então possa ser feita a transferência das propriedades da Curitiba S/A para a Cohab. Apenas depois disso é que a companhia terá condições de repassar os terrenos oficialmente às famílias.

O Ministério das Cidades respondeu às reivindicações sobre o Minha Casa Minha Vida afirmando que o ritmo de contratação depende da apresentação de propostas pelas entidades organizadoras para o agente financeiro, neste caso a Caixa Econômica Federal, e dos municípios aprovarem o projeto.

Mobilização de sem-teto em São Paulo

Sem-teto e integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) montaram quatro frentes de protesto em São Paulo nesta quinta-feira (8) e a presidente Dilma Rousseff recebeu as lideranças do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) para discutir o acesso ao programa Minha Casa, Minha Vida, uma das principais reivindicações do movimento de moradia.

Dilma atendeu a um pedido do líder do movimento dos sem-teto de São Paulo, Guilherme Boulos, e os recebeu pessoalmente antes de determinar que uma equipe do Ministério das Cidades irá receber a comissão que representa o MTST nos próximos dias para tratar do acesso ao Minha Casa Minha Vida.

O encontro durou cerca de 20 minutos e aconteceu na pista de pouso no bairro de Itaquera, zona leste da capital paulista, perto da Arena Corinthians. Dilma faz uma visita ao estádio que vai sediar a abertura da Copa do Mundo, no dia 12 de junho.

Segundo Boulos, a presidente se comprometeu a estudar a situação do terreno e a possibilidade de transformá-lo em moradia popular. "Ela [presidente] se comprometeu a estudar a possibilidade de uma intervenção federal na Copa do Povo e, eventualmente, uma desapropriação", disse Boulos.

Na região do Guarapiranga, na zona sul, cerca de 400 sem-teto bloquearam em protesto o cruzamento das avenidas Senador Teotônio Vilela e Atlântica. Manifestações também devem ocorrer em frente à estação Berrini, da CPTM, também na zona sul da cidade, Butantã, do metrô, na zona oeste, e na praça do Ciclista, na avenida Paulista.

A Arena Corinthians fica a 4 km, em linha reta, da mais nova ocupação do MTST batizada de Copa do Povo. Cerca de 2.000 famílias sem-teto estiveram no local, segundo o movimento. No final da tarde desta quarta-feira (7), a Justiça concedeu pedido de reintegração de posse do terreno, de cerca de 150 mil m2. A retirada das famílias, no entanto, depende de uma definição da Polícia Militar. O MTST pretende recorrer da decisão.

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