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Crime organizado

Marcola é condenado por morte de juiz

Pena do líder do Primeiro Comando da Capital é de 29 anos. Júri considerou que o réu foi o mandante do crime, cometido por motivo torpe

Marcola em foto de arquivo: ele não quis comparecer ao julgamento de quarta-feira | JorgeSantos/AE/Arquivo
Marcola em foto de arquivo: ele não quis comparecer ao julgamento de quarta-feira (Foto: JorgeSantos/AE/Arquivo)

São Paulo - O líder máximo do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marco Willians Herbas Cama­cho, o Marcola, foi condenado no fim da noite de quarta-feira a 29 anos de prisão pelo assassinato do juiz-corregedor de Presidente Prudente, Antonio José Machado Dias, em 2003. A maioria dos sete jurados, seis homens e uma mulher, considerou o homicídio duplamente qualificado – motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima. A defesa vai recorrer.

O julgamento, realizado no Fórum Criminal da Barra Funda, durou nove horas e terminou às 23h45. Durante os debates entre defesa e acusação, o promotor Carlos Roberto Marangoni Talarico procurou fazer com que o conselho de sentença reconhecesse Marcola como o mandante do crime. O objetivo, segundo ele, era pressionar as autoridades a fim de obter regalias para os presos. Outro foco do promotor era mostrar que a vítima não teve chance de defesa, diante da emboscada dos matadores.

O discurso da defesa tentou desqualificar as provas. "A acusação não diz qual a efetiva participação do Marcola nesse crime", afirmou o advogado Roberto Parentoni. "Meu cliente é ladrão de banco, reconheço isso. Ele inclusive já foi condenado. Mas para cada caso há um processo e, neste, não há provas", continuou.

As primeiras horas do julgamento de Marcola, iniciado às 14 horas, foram marcadas pelos depoimentos de dois policiais, em torno dos quais defesa e acusação travaram um duelo. A promotoria queria extrair informações e detalhes sobre as investigações da morte do juiz e o funcionamento do PCC, enquanto o advogado do réu insinuava que seu cliente fora vítima de extorsões praticadas por policiais.

O ex-diretor do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic) Godofredo Bittencourt Filho surpreendeu o plenário ao revelar os detalhes da ameaça de morte feita contra ele pelo chefe do PCC horas antes dos ataques de maio de 2006. "Ele me disse: ‘Eu posso matar o senhor, mas o senhor não pode me matar. Tem de me preservar’", relatou o delegado.

Além de Bittencourt, foi ouvido o delegado Ruy Ferraz Fontes, um dos responsáveis pela investigação do homicídio. Ele foi taxativo ao dizer que "todas as decisões da organização tinham de passar pelo Marcola". A única testemunha de defesa foi o diretor do Centro de Readaptação Penitenciária de Presidente Bernardes, Luciano César Orlando. Ele afirmou nunca ter encontrado celulares em poder de Marcola nos 360 dias em que o chefe permaneceu isolado.

Marcola não compareceu ao julgamento. Em 20 de outubro, enviou carta manuscrita ao 1.º Tribunal do Júri pedindo que fosse dispensado de comparecer à sessão "por vontade própria e de acordo com a lei".

Celular

Durante o depoimento das testemunhas, o promotor interrompeu a sessão e exigiu que a segurança do fórum retirasse da sala uma mulher que tentava fazer fotos com um celular. A estudante de Direito Catarina Aparecida da Cruz Cirilo chegou a apagar as fotos que havia feito, mas, ao descobrir que também havia filmagens armazenadas no aparelho, o juiz Alberto Anderson Filho, do 1.º Tribunal do Júri, determinou que ela fosse levada para a delegacia.

Em depoimento, Catarina disse não saber da proibição de se fazer imagens dentro do plenário. A polícia iria verificar com o juiz se havia ou não veto às imagens do plenário e, dependendo da resposta, indiciaria a estudante por desobediência. O celular dela foi apreendido e seria encaminhado para perícia.

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