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Trânsito

Marechal Floriano é via mais perigosa de Curitiba, aponta BPTran

Avenida figura na lista das vias com mais acidentes, mais atropelamentos e cruzamentos mais perigosos

A Avenida Marechal Floriano está em primeiro lugar no número de acidentes e em segundo, no de atropelamentos | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
A Avenida Marechal Floriano está em primeiro lugar no número de acidentes e em segundo, no de atropelamentos (Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)

Relatório de ocorrências no trânsito registradas entre janeiro e dezembro de 2009 pelo Batalhão da Polícia de Trânsito (BPTran) aponta que a Avenida Marechal Floriano Peixoto é considerada a via mais perigosa de Curitiba. A avenida figurou nas três modalidades do levantamento do BPTran: está em primeiro lugar em números de acidentes, com 90 ocorrências; em segundo lugar em atropelamentos, com 15 casos; e figura na lista de cruzamentos mais perigosos. Com 12,6 quilômetros, a Marechal, que vai do Boqueirão ao Centro, é a segunda maior via da capital, só perdendo, em extensão, para a Avenida Juscelino Kubistchek, que tem 15 quilômetros.

Só no cruzamento com a Rua Dr. Bley Zornig, no Boqueirão, foram registrados 10 acidentes em 2009. O ponto está em 5º lugar no rol dos cruzamentos com mais ocorrências. Também figuram na lista a intersecção com a Rua Desembargador Antonio de Paula (8 acidentes), o ponto com a Rua Pastor Antonio Polito, ambas no Boqueirão, e o cruzamento com a Rua Waldemar Kost, no Hauer.

Para o pesquisador de Gestão Urbana da PUC-PR, Carlos Hardt, para efeitos de análise, a Marechal pode ser dividida em duas partes: da Linha Verde para o Centro e da Linha Verde em direção a São José dos Pinhais, na região metropolitana. Neste segundo trecho, de acordo com o especialista, as características são vias largas, onde os veículos trafegam em maiores velocidades.

Entre a Linha Verde e a região central, a avenida se caracteriza por ter vias com calçadas mais estreitas e por ser uma área com maior concentração de pedestres, o que favorece atropelamentos. "Inclusive, é uma região em que os ônibus passam muito próximo das calçadas, oferecendo riscos aos transeuntes", disse. Para Hardt, uma possível solução seria a restrição de uso de veículos particulares ou a adoção de obstáculos físicos, como gradis, que impeçam os pedestres de atravessarem em locais proibidos.

Atropelamentos

A Avenida República Argentina, que vai do Portão ao Água Verde, lidera a lista das vias onde foram registrados mais atropelamentos, com 17 ocorrências. Segundo a diretora de trânsito da Diretran, Rosângela Battistella, as principais causas dos acidentes na avenida são as conversões à esquerda e os avanços de sinal vermelho, cometidos inclusive por veículos de transporte coletivo.

A via está entre as prioridades do Comitê Técnico de Trânsito, implantado há um mês, que estuda adotar a proibição de conversões à esquerda em alguns pontos e a implantação de equipamentos que flagrem avanço de sinal vermelho.

Para Hardt, no entanto, o ponto crucial neste caso é a educação para o trânsito. De acordo com o especialista, as principais causas de atropelamentos são a indisciplina e a falta de prioridade aos transeuntes. "Enquanto outros municípios valorizam o pedestre, vemos em Curitiba o movimento inverso. O espaço de quem está a pé é reduzido cada vez mais. O motorista precisa entender que assim que ele deixa o carro, ele passa a ser um pedestre", avaliou.

Cruzamentos perigosos

Os cruzamentos na Avenida Victor Ferreira do Amaral com a Rodovia BR-476, no Tarumã, são os vencedores no número de acidentes, com 18 casos. Rosângela informou que o comitê ainda não avaliou o ponto, mas adiantou que é possível melhorar a sinalização do local.

Para Hardt, o cruzamento, constituído por uma rótula com um conjunto de semáforos, tem um grave problema de projeto, porque há fluxo em todos os sentidos, o que é difícil de ser equacionado. "Há um conflito grande de veículos, sem a clara indução de onde eles podem e não podem ir", apontou. Na avaliação dele, o ideal seria que as conversões fossem descentralizadas do ponto.

Segundo o frentista de posto Sérgio Alves, que trabalha próximo ao cruzamento, as ocorrências acontecem, geralmente, próximo ao horário de pico, quando é grande o fluxo de veículo no local. "A gente só escuta o barulho e pode ir ver que é acidente", disse.

A intersecção entre a Avenida Sete de Setembro com a Rua Mariano Torres está em segundo lugar na lista, com 15 acidentes. O ponto tem quatro cruzamentos e tráfego intenso pela proximidade com a Rodoferroviária. Segundo Deividson Moderno, proprietário de uma banca de jornal no cruzamento, todos os dias tem pelo menos um acidente no local. "O mais impressionante foi neste ano, quando um carro bateu contra uma van escolar, que tombou e passou deslizando por trás da banca. Felizmente, ninguém ficou ferido", contou.

Na avaliação dele, o principal motivo dos acidentes no local é a imprudência. Enquanto a equipe da Gazeta do Povo apurava informações para esta reportagem, uma pequena colisão aconteceu no cruzamento, quando um Celta foi trocar de faixa e bateu lateralmente contra um ônibus. Ninguém ficou ferido.

Outro ponto da Sete de Setembro, desta vez com a João Negrão, está em terceiro lugar, com 12 acidentes. O Comitê de Trânsito identificou que os casos registrados no cruzamento são motivados por conversões proibidas, da João Negrão para a Sete de Setembro. "Estava faltando sinalização no local, que vai providenciada. Além disso, equipes da Diretran estão fiscalizando o local, para coibir as infrações", afirmou Rosângela.

Segundo a farmacêutica Michely Algauer, que trabalha no cruzamento, muitos atropelamentos acontecem no local, principalmente em função da desatenção dos pedestres. "As pessoas saem correndo para atravessar as canaletas e acabam pegas pelos biarticulados", disse.

Veja onde se localizam os cruzamentos mais perigosos (marcados por um ponto azul), as vias onde ocorreram mais acidentes (em vermelho) e as vias onde ocorreram mais atropelamentos (em roxo)

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