
A cada hora, mais de 3,6 milhões de pecinhas entre blocos, "pessoas" e engrenagens saem das fábricas da Lego para construir novos universos e alimentar a criatividade de 30 milhões de crianças, jovens e adultos. São coleções das mais variadas, capazes de criar cidades e até naves espaciais, que elevam a imaginação a outros mundos. Criada em 1950 numa oficina do interior da Dinamarca pelo marceneiro Ole Kirk Christiansen, a marca que começou pequena foi, bloco a bloco, se tornando a quarta maior fábrica de brinquedos do planeta. E apesar de tradicional, não deixou de se modernizar, lançando jogos de videogame, coleções com temas da cultura pop como Harry Potter e Guerra nas Estrelas e entrou de vez na música e na produção dos videoclipes.
A paixão pelo brinquedo, movida pelo desafio da criação, mobiliza fãs e até famílias inteiras. Wolf-Dietrich Sahr, de 54 anos, por exemplo, trouxe da Alemanha o gosto pelas pecinhas que, por sua vez, foi passado para o filho Igor, de 12. O primeiro Lego do professor alemão, que mora no Brasil há mais de 11 anos, data da década de 60 e as pecinhas continuam guardadas pela casa, misturadas às quase 30 caixas e coleções do filho. "Antes o Lego tinha duas cores, vermelho e branco, que são as da bandeira da Dinamarca. O encaixe das peças também era diferente das de hoje", lembra Wolf, para quem o brinquedo, antes mais simples, acompanhou a evolução do tempo e das preferências dos mais jovens.
Igor é louco por Lego, e curte mais as linhas "medieval", "cidades", a estação espacial e as temáticas de filmes. Verdadeiro arquiteto das pecinhas, o menino conseguiu façanhas que muita gente grande penaria em alcançar. Aos 9 anos, montou com a ajuda dos pais uma pequena araucária. Levou um mês para ficar pronta, mas como prêmio pelo esforço ganhou uma viagem para a Dinamarca, que conquistou numa competição mundial da marca. "Fiz outras coisas legais. Montei a Torre Eiffel e um mapa do Brasil e da América Latina [em alto relevo]. Também estou fazendo uma cidade só de Lego", surpreende o menino.
Um por todos, e todos por um
Existe entre os fãs do brinquedo uma relação de união e de camaradagem na internet através do fórum LUG Brasil (Grupo dos Usuários de Lego, na sigla em inglês) www.lugbrasil.com. Mantido de forma independente, o grupo expõe trabalhos e promove concursos e encontros entre os participantes, que têm idades diferentes. Mateus Stavis, 12, e Johann Dakitsch, 19, são de Curitiba, e têm cada um a sua preferência. Enquanto o primeiro gosta dos brinquedos de temática medieval, o segundo curte os robôs da linha Bionicle, mais complicados de montar. Os dois ganharam as primeiras caixas cedo, mas foram "pegos" pelo brinquedo com uns oito ou nove anos.
No decorrer do tempo, as coleções vão aumentando. São 20 caixas na casa do mais novo e 54 modelos na de Johan, fora as peças soltas. "Colecionar e montar Lego é estimulante. Dá prazer reservar algumas horas ou até um dia inteiro para criar com as peças. Exercita a criatividade e é bem relaxante. O Lego é um brinquedo menos imediato, leva tempo para montar, mas acredito que por isso é bem mais duradouro", opina Johan.
Cultura Pop
Os anos foram passando, e o brinquedo de montar foi se encaixando às plataformas do mundo moderno, como os games e a MTV. O Gaz+ traz alguns exemplos
Videoclipes
O primeiro vídeo a ganhar sucesso com o brinquedo foi "Fell in Love With a Girl", dos White Stripes (http://migre.me/5sw1y), dirigido por Michel Gondry, de Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças e outros filmes. Mas há vários exemplos do uso das pecinhas pela internet, como na música "All My Friends", da banda LCD Soundsystem (http://migre.me/5svZ5). O vídeo foi feito por fãs.
Videogames
Desde que teve o seu primeiro game lançado, em 1997, o Lego não parou de licenciar produtos para PCs e diferentes marcas de console, como XBOX 360, PlayStation 3, PlayStation Portable e Nintendo Wii. Entre os jogos que usam as pecinhas estão Batman, Star Wars III, Harry Potter, Indiana Jones e até uma versão para Rock Band.






