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Sem meias palavras e firme em cada opinião. Estas são as características de Marcelo Evangelista de Moraes, irmão do ex-jogador de futebol Cafu e diretor da Fundação Cafu. Apaixonado pelo futebol de Maringá, em cuja região viveu por vários anos, o irmão do pentacampeão mundial não mediu as palavras avaliar a situação do futebol maringaense.

Segundo Marcelo de Moraes, o Grêmio Maringá passa por muitos problemas. Ele fez duras críticas à gestão do Galo Guerreiro. Confira a entrevista feita pela Gazeta Maringá com o irmão de Cafu e entenda o verdadeiro motivo pelo qual o pentacampeão não veio jogar em Maringá.

GAZETA MARINGÁ - O Grêmio Maringá procurou o Cafu mesmo?

MORAES - Procurou sim, não me recordo muito bem em que época. Foi para fazermos investimentos no Grêmio Maringá. Só que não avançou muito, em vista de algumas coisas. Quando meu irmão me perguntou o porquê, logo falei que morei em Sarandi e conheço Maringá. Conheço alguns rolos que não deixam o futebol ir para frente. Falei para ele que, se quisesse, eu sondaria mais. Ele foi procurado sim, mas não tinha como fazer investimentos no Grêmio.

É verdade que foi uma ligação feita por um amigo seu que alertou para que não acertasse com o Grêmio Maringá?

Ah, com certeza. Me avisaram [sobre os problemas que o time enfrenta].Foi o que nos fez ficar com um pé atrás, frear e não avançar nas negociações.

Foi bom o Cafu não ter assinado com o Grêmio Maringá?

Até queria que ele fosse, para eu voltar a morar em Maringá [risos]. Mas, empresarialmente, foi bom não ter ido. Se aparecer um momento bom e tudo ficar em ordem, com certeza, se nos procurarem, vamos dar atenção. Maringá é uma cidade muito legal, com muito investimento. Tem um estádio legal, que já teve jogo da Seleção Brasileira. Eu mesmo já vi a Seleção jogar no Estádio Willie Davids. Tem um espaço maravilhoso aí, teve a reforma, a pista de atletismo, o que falta é a prefeitura ajudar constantemente futebol. Final de semana não tem nada aí, não tem futebol, não tem atração.

Do jeito que está, você acha que o Grêmio Maringá vai voltar a ser forte algum dia?

Sinceramente? Acho que não. Não tem como. Pelo o que eu sei, dentro das condições atuais, o Grêmio não vai conseguir ir para frente de jeito nenhum. Há quanto tempo não vemos o Grêmio Maringá na elite do futebol? São 12 ou 13 anos já, gente.

Desde que retornou ao futebol do Grêmio, a direção já prometeu grandes amistosos e nenhum chegou a ser realizado. Tudo foi pensado muito à frente?

Precisa responder alguma coisa [risos]? Sem dúvida. Como vou prometer um monte de amistosos se não consigo montar nem o meu time ainda? Não tem base do time ainda, não sabe quem está trabalhando na diretoria. O time precisa se reerguer, precisa melhorar muito com o que tem na mão. Se não vai tomar sempre chocolate. Não adianta pensar em ir para a Europa amanhã, jogar com o time de não sei onde. Tem de pensar com os pés no chão. Os times que estão nascendo agora querem engolir o Grêmio, porque Maringá é grande.

O que achou das peneiras (testes de garotos) já realizadas pelo Grêmio Maringá e que eram cobradas?

A peneira foi cobrada, sei disso. Me ligaram aí de Maringá. Sei que foi cobrado R$ 200 dos garotos, sendo que arrumar esse dinheiro para um garoto jogar bola é muito difícil. Não vingou ninguém [nas peneiras]. Então são algumas coisas que nos deixam decepcionados. Para mim isso aí é armação.

A maioria dos jogadores de futebol é de classes mais baixas, com uma peneira sendo cobrada, muitos talentos não apareceram no estádio. O que acha?

É isso mesmo. Aproveito e retorno a pergunta a todos vocês que trabalham com futebol em Maringá: sem renda, com os pais da maioria trabalhando em usina, na roça, na soja, eles vão ter R$ 200 para dar para o garoto treinar? Não tem condições. E existem muitos garotos bons na região. Sei disso porque já estive por aí. O Santos, por exemplo, tem alguns meninos de Astorga, de Irati, tem dois garotos de Sarandi. Tem talentos, é só saber lapidar. Logo vai ter algum jogador muito conhecido que vão descobrir que é da região aí. Vão perguntar "nossa, passou na mão de quem?". Ninguém sabe.

Nos últimos anos alguns times passaram pela cidade, mas nenhum vingou. O que faltou?

É o que a gente queria saber também. Montaram o Iguatemi, a princípio, disputaram e não foram para frente. Aí veio o Grêmio Metropolitano, Grêmio Maringá, antes teve o Galo Adap também. Para que esse tanto de times? É só pegar as rédeas do Grêmio Maringá e trazer a Secretaria de Esportes e acabou. Vamos crescer esse time na cidade, mas vai continuar essa infidelidade esportiva.

Falta um planejamento de longo prazo no futebol maringaense?

Sem dúvida, não tem como montar um time hoje e querer resultado amanhã. Você precisa lapidar as peças para formar uma equipe. Precisa de um ano todo para que o time fique forte e compacto para só no outro ano começar a disputar os campeonatos. Ao longo do tempo as contratações vão surgindo. Um jogador pode se machucar, pode ter problema emocional, psíquico e aí como vai repor a altura? Não vai ter como trazer um jogador que vale milhões. Para nós, que estamos começando agora, tem de pagar R$ 3 ou R$ 4 mil e começar a erguer o time devagarzinho. Fora os garotos da base, que são investimento. Tem de gastar com alimento, com bolsas, com educação e saber que ele vai ficar com você no clube.

Clique aqui para ler a entrevista de Cafu à Gazeta Maringá.

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