
Todos os meses, o consultor de novas tecnologias Pablo Sica, 31 anos, reserva pelo menos dois dias para fotografar Maringá. Ele percorre vários pontos da cidade, clicando apenas imagens de objetos, de pessoas ou de monumentos absolutamente imóveis. O motivo para essa preferência está diretamente ligado a uma particularidade do hobbie: Sica é um dos integrantes do crescente grupo de fotógrafos que faz imagens em 3D.
Depois do tour pela cidade, o maringaense senta em frente ao próprio computador, onde gasta até três horas para dar à imagem o efeito das três dimensões.
Ele poderia fazer isso em menos de cinco minutos, se não se preocupasse tanto com a qualidade, que tem de beirar a profissional.
A recompensa por tamanho empenho está na reação das pessoas para quem ele empresta os óculos 3D que permitem ver as fotografias - confira algumas no box ao abaixo.
Sica conta que os fotógrafos 3D estão se multiplicando no mundo todo. Graças à nova onda dessa tecnologia no cinema, que começou com o lançamento do blockbuster Avatar, do canadense James Cameron, no fim do ano passado, muitos querem fazer os personagens das fotos saltarem aos olhos.
Os segredos para obter o efeito estão na hora do clique e na habilidade com softwares de edição de imagens (veja as instruções no box).
Em Maringá, Sica foi um dos pioneiros desse hobbie. O maringaense conta que estuda a tecnologia 3D há seis anos. As primeiras tentativas começaram há dois anos e meio.
Desde então, ele revela que só não conseguiu ainda aplicar o efeito em fotos do principal cartão-postal da cidade, a Catedral Nossa Senhora da Glória, que soma 124 metros de altura. A dificuldade é enquadrá-la inteira, sem que a contraluz ofusque os contornos. "É o meu desafio", diz. Hobbie que virou negócio
Pensar em fotografias 3D ainda é hobbie, mas já fez com que o bolso de Sica ficasse mais pesado. O maringaense conta que empresas de vários setores estudam o impacto de uso dessa tecnologia para peças publicitárias e publicações direcionadas a clientes.
Recentemente, uma fabricante de vestuário de Apucarana, no norte do Estado, contratou o consultor para a elaboração de um catálogo com o making off da coleção de verão.
Até o jornalismo impresso está entrando nessa onda. No dia 9 de março deste ano, o jornal belga La Dernière Heure impressionou os leitores ao publicar todas as fotos em 3D.
Neste mês, a edição norte-americana da revista Playboy trouxe um encarte no mesmo formato. Nos dois casos, as publicações vinham acompanhadas dos conhecidos óculos de lentes coloridas, para a visualização das imagens.
Para Sica, a adesão dos veículos de comunicação indica que o recurso poderá ter vida longa, para o segmento do jornalismo e, principalmente, da publicidade. "Na internet, nos jornais impressos e nas revistas, o uso dessa tecnologia é interessante, porque o público tem condições de visualizar melhor os produtos dos anunciantes", explica. "As empresas que investirem nessa tecnologia agora vão sair na frente."
No caso da Playboy, as fotografias foram feitas com uma câmera que já oferece a opção 3D. Segundo Sica, esses equipamentos estão chegando ao mercado estrangeiro. A variedade deverá abranger desde as câmeras de celular até as profissionais.
"Apesar do interesse crescente, ainda é um mistério se o uso desse recurso pelo público em geral, em fotos comuns, não passará de modismo", pondera. Se o caminho trilhado for o mesmo do cinema, a tecnologia poderá passar por longos períodos de ostracismo.
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