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Maringá

Metade das situações de risco envolvendo crianças tem relação com drogas

MP vai apurar responsabilidade sobre tratamento de crianças dependentes de drogas. Segundo Conselho, as estruturas são precárias ou inexistentes. A entidade quer atendimento emergencial para quatro menores

O Ministério Público Estadual (MPE) instaurou inquérito civil público para averiguar de quem é a responsabilidade pelo tratamento de crianças e adolescentes envolvidos com drogas. Segundo o promotor Leonardo da Silva Vilhena, da defesa da infância e juventude, a abertura da investigação teve por base uma denúncia encaminhada pelo Conselho Municipal da Criança e do Adolescente (CMDCA), de Maringá, na segunda-feira (26), mas que outras situações semelhantes já chegaram ao conhecimento do MPE. Segundo o MPE, Estado ou município precisam se responsabilizar pela recuperação de menores dependentes químicos ou em situação de risco.

De acordo com o promotor, a falta de estruturas que realizem esse acompanhamento é preocupante. "Pelo menos 50% das situações de risco tem envolvimento com drogas, e dessa quantia a maior parte tem relação com o crack", alertou Vilhena.

A falta de um programa mais amplo para o tratamento de crianças e adolescentes envolvidos com drogas em Maringá é o que preocupa o CMDCA. Em razão disso, a entidade apresentou denúncia ao MP. Segundo o presidente do órgão, Paulo Rogério da Silva, as discussões de mais de três anos com a administração municipal ainda não resultaram em um programa, que, além da assistência médica e psicológica, conte com um trabalho de reinserção social, para que os pacientes se livrem da dependência. "Como o órgão não tem poder para mover uma ação pública, esperamos que o MP acate a denúncia", afirmou Silva.

Os relatos entregues à promotoria cobram atendimento emergencial de quatro adolescentes, de 13, 14, 15 e 17 anos, envolvidos com drogas há anos. Os dois primeiros estão apreendidos por prática de delito e os outros estão no Abrigo Provisório Municipal. "Os adolescentes de 14, 15 e 17 anos já passaram por internamentos para desintoxicação, mas não resolveu", afirma. "Se não há um trabalho de reinserção social, eles voltam ao vício [no caso desses jovens, o de crack]." Para ele, a carência dessa estrutura não é somente de Maringá, mas de todo o Paraná.

A carência de programas de recuperação também é reconhecida pelo Ministério Público. "Há uma grande lacuna por par parte do poder público nesses tratamentos para drogadição. Só se consegue internação depois de muito trabalho. A gente sente isso no dia-a-dia", disse o promotor Vilhena. Do volume de casos que chegam co conhecimento do MP, explicou ele, pelo menos a metade das situações que colocam crianças e adolescentes em risco é relacionada com o consumo de drogas, principalmente o crack. "Se não o menor, os pais é que fazem uso (de entorpecentes)", disse.

"Vamos pedir que se crie um protocolo de atendimento como existe em outras áreas da saúde", defendeu Vilhena. O próximo passo é intimar as partes para que apresentem explicações. Depois da verificação, será aberta ação para processar os responsáveis, seja o Estado ou o município.

A Secretaria de Saúde do Estado do Paraná (Sesa) informou, por meio de assessoria de imprensa, que não ainda não tem conhecimento sobre o inquérito. A secretária de assistência social e cidadania de Maringá, Rosa Maria de Sousa, não foi localizada para comentar o assunto.

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